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Interligação tende a favorecer mais SP, dizem especialistas

Bacia do Paraíba do Sul tem mais disponibilidade de água do que Cantareira

Sistema paulista precisaria de 'socorro' em 15 meses nos últimos 10 anos; o do Rio, só em 2 meses

HELOISA BRENHA SÃO PAULO

Chamada de "via de mão dupla" pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), a proposta de interligar o sistema Cantareira com a bacia do rio Paraíba do Sul tende a favorecer mais o primeiro, de acordo com especialistas.

O governador afirma que a ligação entre a represa de Atibainha, no Cantareira, e a de Jaguari, que capta água de um afluente do Paraíba do Sul, teria um sistema recíproco de bombeamento.

"Um socorre o outro: quando houver excesso no Cantareira, passa-se para o Jaguari e vice-versa", disse Alckmin.

Levantamento da Folha mostra que, nos últimos dez anos, os reservatórios da bacia do Paraíba do Sul precisariam desse "socorro" apenas em dois meses, enquanto o Cantareira necessitaria do adicional de água em 15 meses, não contínuos.

Os resultados são aproximados, obtidos a partir de dados oficiais da ANA (Agência Nacional das Águas).

Para descobrir as épocas de "socorro", foram considerados os períodos em que os níveis dos reservatórios ficaram abaixo dos 35%, faixa em que um sistema poderá retirar água do outro, segundo a proposta do governo paulista.

"A bacia do Paraíba do Sul tem mais disponibilidade hídrica, pois ocupa uma área maior e recebe mais água da chuva que se infiltra no solo", explica José Geraldo Querido, professor de engenharia da Univap (Universidade do Vale do Paraíba).

Segundo ele, a capacidade do Cantareira de acumular água é menor porque a impermeabilização do solo é maior nos entornos das bacias exploradas pelo sistema: a do Piracicaba e a do Tietê.

SEGUNDA CONDIÇÃO

Outra condição para que um sistema colete água do outro, diz Alckmin, é haver excesso de água em um deles.

O governo ainda não definiu de quanto seria esse excedente, mas diz que os reservatórios do Cantareira são obrigados a abrir as comportas quando atingem os 75% de capacidade, para evitar risco de enchentes.

Isso aconteceu na bacia do rio Paraíba do Sul em 40 meses não consecutivos, mostra o levantamento. No Cantareira, em 31 meses desde 2004.

Segundo Paulo Canedo de Magalhães, professor de engenharia da UFRJ, não basta um reservatório ter água de sobra para transferir para o outro. É preciso que haja uma "sintonia": um deve estar precisando de água quando houver excesso no primeiro.

"É pouco provável que isso aconteça, pois o sistema Cantareira e a bacia do Paraíba do Sul têm um regime de chuvas parecido, com o mesmo período seco, entre abril e outubro", afirma.

Pelo levantamento, a última vez em que isso aconteceu foi em 2005, quando o Cantareira passou cerca de um mês e meio com menos de 35% de capacidade, enquanto os níveis dos reservatórios da bacia passavam dos 75%.

"O Paraíba do Sul é mais caudaloso, mas não tem excesso de água hoje. Ele também está sob grande estresse, passando por uma seca e abastecendo muita gente."


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