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Sob desconfiança, Exército tenta apoio de morador na Maré

Militares que ocupam complexo no Rio buscam se aproximar de líderes comunitários e comerciantes

Tropa, porém, foi acusada de omissão por não socorrer jovem agredido; tensão levou militar a atirar ao alto

MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO BRUNA FANTTI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Parte do sucesso ou do fracasso da ocupação das Forças Armadas no Complexo da Maré, zona norte do Rio, passa pela conquista da comunidade. É o que militares começaram a tentar três horas após ocupar as 15 favelas da Maré.

Ontem, houve tensão entre militares e moradores, depois que um jovem foi agredido por outros, e os militares foram acusados de não terem feito nada.

O estudante Cláudio Brum dos Reis, 22, morador da Nova Holanda, foi assistir a um jogo na Baixa do Sapateiro. As favelas eram dominadas por facções diferentes. Segundo familiares, Reis foi atacado por um grupo de adolescentes e jogado em um valão.

Os moradores reclamaram de que o Exército não prestou socorro. Começou uma confusão. Os militares chegaram a disparar tiros para o alto e spray de pimenta --a ação será investigada.

O caso gerou reclamações e um clima de desconfiança. Para evitar esse tipo de situação e ter o seu trabalho facilitado, militares têm procurado conversar com moradores.

Os principais "alvos" são presidentes de associações de moradores, considerados replicadores do projeto na comunidade. Pessoas influentes na favela, como moradores antigos ou comerciantes, também serão procurados.

Já no último sábado, horas após ocupar as favelas, jipes com alto-falante percorreriam as ruas pedindo o auxílio das pessoas. A prática irá se repetir nesta semana.

"Vamos restabelecer a presença do Estado e esse elo entre população e tráfico, com o tempo, será rompido", afirmou o general Ronaldo Escoto, comandante da Força de Pacificação.

Traficantes e milicianos que dominavam a Maré são conhecidos por ações assistencialistas. Cestas básicas, festas aos domingos e atendimento médico eram oferecidos em troca do silêncio.

Ao atrair o morador, o Exército pretende ter um parceiro no patrulhamento. É preciso montar postos em lajes de casas para que as patrulhas não sejam surpreendidas por traficantes.

"Faremos o que chamamos de saturação de patrulhamento'. Não há como ficar o tempo todo, em todos os lugares", disse o general.

As Forças Armadas permanecerão no complexo até 31 de julho, quando uma avaliação será feita podendo levar a ocupação até as eleições. Ficarão nas favelas 400 militares em turnos de seis horas e 50 PMs a cada 24 horas.


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