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Antônio Miksian (1921 - 2014)
Armênio que fez do Brasil seu lar
FABRÍCIO LOBEL DE SÃO PAULOQuem chegasse à casa do médico Antônio Miksian, em São Paulo, poderia ter a chance de flagrá-lo fazendo ressoar pelo seu apartamento as notas de uma música armênia típica em seu alaúde.
Antônio tinha cerca de seis anos quando chegou ao Brasil. Seus pais haviam fugido da Armênia depois do massacre de seu povo pelos turcos otomanos, entre 1915 e 1918.
No Brasil, a família se instalou perto da rua 25 de Março, no centro da cidade.
Antônio ganhou três irmãos e, no início da década de 40, ingressou na faculdade de medicina da USP.
Em sua carreira, especializou-se em cardiologia, participou da implantação do pronto-socorro do Hospital das Clínicas da USP e foi diretor clínico do Instituto Dante Pazzanese.
Seu lema era que medicina se aprende na cama do doente, e não apenas nos livros.
Segundo seus pacientes, suas consultas iam muito além de questionamentos puramente clínicos. Em longas conversas, perguntava sempre sobre a família do examinado e sua vida pessoal.
Mantinha o costume de, uma vez por semana, atender gratuitamente pacientes pobres em seu consultório de Moema, na zona sul. Dizia que isso fazia parte de sua retribuição ao país que o havia acolhido de braços abertos.
Morreu na última sexta-feira (16), aos 94 anos, de falência de múltiplos órgãos.
A família e a comunidade armênia de São Paulo farão uma cerimônia especial no próximo domingo (25), às 10h30, na Igreja Apostólica Armênia São Jorge, no centro da capital paulista.