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Cotidiano

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Invasão de turistas da Copa na Vila Madalena surpreende prefeitura

Bairro boêmio tem recebido cerca de 50 mil pessoas em dias de jogos do Brasil, diz gestão

Mesmo assim, lotação está abaixo do esperado em albergues da região; maioria dos visitantes e hóspedes é homem

BRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO

A maior surpresa da Copa, depois de a Costa Rica ter sido líder do grupo da morte, é a invasão da Vila Madalena.

Em dias de jogos do Brasil, são cerca de 50 mil pessoas, diz a prefeitura, tomando as estreitas ruas do bairro da zona oeste de São Paulo.

O público supera o da festa oficial, a Fifa Fan Fest, que tem picos de 35 mil torcedores no Anhangabaú.

A gestão foi pega desprevenida. "Ninguém esperava tanta gente. Tivemos que readequar os planos", diz Wilson Poit, presidente da SPTuris.

De um lado, turistas elogiam e não querem saber de outro lugar. De outro, moradores chegam a levar 20 minutos para andar uma quadra e reclamam dos efeitos da prorrogação: lixo, cheiro de urina e noites maldormidas.

Dezessete dias após a abertura da Copa, ainda falta o segundo tempo.

'SÓ TEM MACHO'

Basta uma volta pela região para notar que a maior parte dos que se aventuram pelo bairro, brasileiros ou não, são homens.

"Tenho vindo para procurar gringa mesmo. Mas só tem macho!", diz o produtor Alexandre Santos, 25, que mora em Vinhedo. Segundo o próprio, ele e seu irmão têm aproveitado as partidas internacionais para paquerar "as loiras".

As estudantes de veterinária Daniela Marques, 19, e Juliana Hardy, 19, são testemunhas do outro lado dessa peleja. "Eles são muito atirados [risos]. Acham que aqui é só futebol e putaria e já chegam chegando", conta a primeira.

Ambas planejavam voltar no sábado (28) para assistir ao jogo do Brasil contra o Chile.

Britânico radicado em Nova York, o consultor Alex Jakobson, 42, calcula estar gastando cerca de R$ 700 por dia --contando a hospedagem em um hotel em Pinheiros, também na zona oeste.

"Belas mulheres, ótima música e boa comida. Lembra o Carnaval de Notting Hill", diz, comparando a Vila Madalena com o bairro londrino.

"No domingo vimos um carro sendo depredado. Não dá para esquecer que alguns lugares não são seguros", diz seu amigo Simon Bray, 37, que vive em São Paulo (e diz gostar), há três meses.

LOTAÇÃO

Ainda que a Associação de Hostels de São Paulo não tenha balanço oficial, proprietários dizem que a maioria dos hospedados em albergues da região neste período é de homens estrangeiros entre 20 e 35 anos.

A Folha visitou quatro estabelecimentos e conversou com o dono de um quinto, todos na Vila Madalena.

A constatação foi unânime. "Isso aqui está parecendo batalhão", brinca Sandro Oliveira, 44, sócio do Giramondo.

O movimento, porém, ficou aquém do sensacional. Fora os dias de jogo em São Paulo, quando afirmaram atingir lotação máxima, a taxa média de ocupação destes hostels tem ficado entre 60% e 75%.

Um dos motivos citados foi o boom de albergues inaugurados na esteira da Copa --só no bairro são pelo menos 13.

Otimista, Alessandra Bossi, 39, sócia do Hostel Brasil Boutique, conta que no começo jogou os preços para cima. "E o grosso a gente conseguiu captar com diárias de R$ 200 a R$ 300", conta.

Atualmente, o estabelecimento cobra entre R$ 85 (quarto coletivo) e R$ 300 (privativo), e topa negociar. "Quero encher isso aqui", entusiasma-se Bossi.

Mas, para a prefeitura, o bairro já está com "lotação máxima". A administração planeja atrair para outros pontos da cidade os argentinos que devem chegar para o jogo contra a Suíça (na terça, 1º/7). Para quem mora ali, a Vila está mais do que cheia.


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