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Pacientes 'peregrinam' de portão em portão

Mãe e criança com dor são orientados a 'perguntar do outro lado' e vão embora da Santa Casa sem atendimento

Quem buscou a unidade nesta quarta (23) foi pego de surpresa e acabou barrado na entrada do hospital

DE SÃO PAULO

"Está fechado. Tem que perguntar do outro lado", disse um segurança à dona de casa Mariana Abreu de Freitas, 31, as mãos agarradas ao filho Marcelo, 6, que reclamava de dor. Quase ao meio-dia desta quarta (23), já era a segunda vez que ela refazia o caminho, de portão em portão.

O trajeto, porém, havia começado na noite anterior, no Hospital Geral de Taipas, extremo sul de São Paulo. De lá, foi encaminhada a uma consulta na Santa Casa. De manhã, pegou dinheiro emprestado para ir da Vila Cachoeirinha (zona norte) ao centro.

Mesmo com uma guia de encaminhamento em mãos, acabou barrada na Santa Casa. "O segurança falou que só entra quem já tem consulta marcada", lamentou. "É um absurdo. A gente precisa de atendimento e não tem."

Além do pronto-socorro, a suspensão nos serviços afetou também, durante todo o dia, quem planejava marcar consultas ou fazer exames. Algumas cirurgias não emergenciais também foram canceladas, segundo o hospital.

Muitos pacientes foram pegos de surpresa.

Com dores abdominais e disenteria há dias, a dona de casa Juraci Oliveira chegou por volta das 3h com uma guia do Hospital Geral de Guarulhos (Grande SP).

Tentou argumentar que não buscava a emergência, mas encaminhamento para um especialista. "Meu caso não é de pronto-socorro", disse, em lágrimas.

Na madrugada, uma exceção: duas grávidas, em trabalho de parto, foram atendidas.

A confusão continuou ao longo do dia. Na entrada da rua Cesário Mota Júnior, até ambulância e carro do serviço funerário foram orientados a dar a volta no quarteirão. Do outro lado, na rua Dona Veridiana, seguranças faziam uma "triagem" de todos os que se aproximavam. E eram muitos.

Apenas visitantes e pessoas com consultas já marcadas, entre outros serviços, eram autorizados a entrar.

Mesmo aqueles que passaram pelo portão não tiveram garantia de atendimento.

Pela primeira vez, a aposentada Olinda Nascimento, 57, não conseguiu pegar o remédio para tratamento de câncer de mama, que realiza há quatro anos.

"Quando eu cheguei à farmácia dentro do hospital, falaram que não tinha", afirmou. "Nunca peguei remédio em outro lugar. Espero que a falta não me prejudique."


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