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Hospital Santa Catarina decide fechar maternidade após 35 anos

Atividades serão encerradas no final de outubro; unidade pretende investir em outras especialidades

Para especialista, setor é pouco rentável e, por isso, tendência é que mais hospitais deixem de ter área dedicada

GIOVANNA BALOGH DE SÃO PAULO

O hospital Santa Catarina vai encerrar, daqui a três meses, as atividades da maternidade, uma das principais privadas de São Paulo. O setor, existente há 35 anos, realiza em média 240 partos por mês.

O fechamento será iniciado em 1º de agosto, segundo o hospital. Com isso, serão encerradas as atividades da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal, do berçário, do centro obstétrico e do pronto-atendimento obstétrico.

"Os serviços serão mantidos por 90 dias, se encerrando no dia 31 de outubro", diz o Santa Catarina.

O hospital afirma, em nota, que a ideia é ampliar a atuação em cirurgias de alta complexidade em especializações como oncologia, neurologia, cardiologia, ortopedia e cirurgias do aparelho digestivo.

"As altas taxas de ocupação e a expressiva demanda por leitos hospitalares, relacionadas ao progressivo envelhecimento da população e a necessidade de revitalização da maternidade, foram fatores decisivos para a tomada de decisão", diz a nota.

Segundo o hospital, a taxa média de ocupação mensal é de 87% dos seus 327 leitos.

O médico e administrador hospitalar Walter Cintra Ferreira Júnior diz que a tendência é que mais hospitais gerais fechem as maternidades, porque são pouco rentáveis.

"Boa parte das receitas dos hospitais vem de materiais e de medicamentos. Um paciente de oncologia repassa um valor muito maior para o hospital do que uma mulher que dá à luz", diz.

Segundo Ferreira Júnior, a alternativa para as gestantes é procurar unidades que atendem somente partos, como o Santa Joana e o Pró-Matre.

O Santa Catarina não se pronunciou sobre questões financeiras. Disse apenas que investirá R$ 42 milhões neste ano e que tem notado aumento na procura de serviços oncológicos. Os pronto-socorros infantil e adulto continuarão funcionando normalmente.

SURPRESA

Grávidas foram pegas de surpresa ao serem informadas pela Folha sobre o fechamento da maternidade. A tecnóloga Michele Ramos, 31, conta que no final de semana passado visitou o hospital.

"Me passaram todas as informações, só não avisaram que não funcionaria mais", lamenta Michele, que tem o parto previsto para 22 de outubro.

Ao ligar para a unidade nesta quarta (23), ela foi informada que os partos serão feitos até 27 de outubro.

"Como pretendo ter parto normal, não posso contar com a sorte e vou ter que procurar outro hospital", diz.

A autônoma Carolina Cabral, 33, que também pretende ter o terceiro filho de parto normal, afirma que o Santa Catarina foi escolhido pois seu bebê tem um problema no coração e terá de ser operado logo após o nascimento.

Carolina, que mora em Campinas (a 93 km de São Paulo), diz que seu obstetra recomendou o hospital por ser referência em UTI neonatal.

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) diz que com o fechamento da maternidade os planos de saúde devem dar cobertura em outro hospital com a mesma qualidade de atendimento e de serviço de hotelaria do que o prestado pelo Santa Catarina.


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