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Pais escurecem os vidros do carro e proíbem passeios

Garotas que antes faziam trajetos a pé passaram a ser levadas de carro pelos familiares após mortes na cidade

Menina não pode mais caminhar com cachorro, por causa dos assassinatos; tarefa foi transferida a seu irmão

DA ENVIADA A GOIÂNIA

Também preocupados com a série de mortes de mulheres em Goiânia, pais da cidade proibiram as filhas de andarem sozinhas, mesmo durante o dia, e chegaram a colocar película escura nos vidros do carro.

O eletricista José Antônio Duarte, 50, fica apreensivo enquanto as gêmeas Thaynara e Thays Duarte, 18, não chegam em casa depois da faculdade, à noite.

"Nossos pais morrem de medo. Se o ônibus demora e a gente não atende logo o celular, sei que eles ficam preocupados", diz Thays.

A veterinária Ana Cristina Bicalho Prado, 41, já pensava em escurecer os vidros do veículo diante do aumento da violência em Goiânia.

Na semana passada, no entanto, ela decidiu de vez adotar o insulfilm, por temor dos assassinatos em série cometidos por um motociclista.

"Mas, mesmo assim, a gente tem receio, uma sensação de não estar protegida", afirma a veterinária.

PASSEIOS VETADOS

A rotina da filha Ana Gabriela, 13, também foi alterada. Ela e a amiga Marina não passeiam mais com o cachorro da colega fora do condomínio. É o irmão de Marina quem assumiu a tarefa, por ordem da mãe dela.

Ao buscar a filha Giovana, 13, no colégio Marista, a secretária-executiva Sandra Belém, 51, agora pede para que a menina vá no banco de trás, e não mais ao seu lado.

"É porque eu vi que uma das vítimas foi morta no carro", justifica a mãe.

Na verdade, foram duas assassinadas dentro do carro: Juliana Neubia Dias, 27, ao lado do namorado, e Rosirene Gualberto da Silva, 29, quando ia a uma festa com a irmã, ambas no mês passado.

Giovana conta que prefere prender o cabelo longo em um coque, para não chamar muito a atenção.

Luma Dutra, 12, aluna do sétimo ano, diz que a reclamação na classe é geral nas últimas semanas: os pais de todos os colegas vetaram passeios no shopping à noite.

O pai dela, Mauro Augusto da Silva, 48, também proibiu a menina de andar sozinha em praças, por exemplo.

"Esses casos assustam. A gente fica sem saber o que fazer", justifica ele.

SEM TREINO

Outras adolescentes contaram que não vão mais ao treino de vôlei ou à aula de dança, como estavam acostumadas antes das mortes. Agora, têm um adulto para buscá-las e levá-las de carro.

Também há relatos de pais que antes pediam para que as filhas adolescentes esperassem na esquina, por causa do trânsito, mas que, nas últimas semanas, vão buscá-las na porta da escola ou do local do curso.

Ligia, de 13 anos, sempre vai e volta da escola com motorista. Ainda assim, o médico Paulo Ronaldo Jubé Ribeiro, 45, pede que a filha fique atenta e evite ir sozinha ao shopping, a apenas um quarteirão de distância do colégio.


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