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Cotidiano

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Calçadas ruins e trânsito agressivo trazem risco a corredores de rua

Esportistas relatam sofrer com tropeços em buracos e imprudência de motoristas e ciclistas

Há uma semana, um atleta morreu após carro conduzido por homem alcoolizado atropelar cinco pessoas na USP

RODOLFO LUCENA DE SÃO PAULO

Calçadas irregulares e esburacadas, cheias de altos e baixos, empurram os corredores de São Paulo para o asfalto. Nas ruas, os atletas amadores disputam espaço com bicicletas, motos, carros, ônibus e caminhões, numa batalha não apenas desigual mas também sem regras.

Condutores e pedestres nem sempre respeitam as leis de trânsito, sem falar dos bêbados e exaltados de plantão.

Para fugir dos perigos, os esportistas procuram lugares com trânsito mais calmo, como a Cidade Universitária, no Butantã (zona oeste), mas nem assim ficam seguros.

Há oito dias, cinco corredores foram atropelados na USP quando corriam na pista para carros.

O atleta Álvaro Teno, 67, morreu. Segundo a Polícia Militar, o motorista estava embriagado.

Além de bebedeira, pressa é outro problema.

"Os motoristas, em geral, estão desatentos aos pedestres e ciclistas. Preocupados em cumprir horários, costumam fazer do veículo uma arma", alerta o treinador Wanderlei de Oliveira.

Ele lembra que não são apenas os carros que oferecem riscos: "Já vi ciclistas atropelarem corredores no parque do Ibirapuera, corredores atropelados por motos, e motoristas de ônibus jogando o veículo em cima".

Os próprios corredores às vezes criam armadilhas para si mesmos. "Quase fui atropelado num treino na avenida Paulista", conta o advogado e maratonista Joel Leitão, que corre há seis anos.

"Errei porque fui atravessar quando o farol estava fechado para mim. Achei que o veículo fosse seguir pela avenida, mas ele, sem dar seta, virou na rua que eu cruzava. Só tive tempo de parar, levantar os braços e esperar que ele conseguisse parar."

ATÉ NA CALÇADA

Há perigo mesmo para quem procura proteção nos passeios. "Já caí duas vezes na calçada. Uma depois de tropeçar em um abaulamento na USP e outra num buraco em Santana [zona norte]", lembra a jornalista Alessandra Alves, que corre há 12 anos e se prepara para a segunda maratona.

Às vezes, o inferno são os outros. "Há motoristas mal-educados, assédio moral e agressões verbais. Acredito que mulheres sofrem muito mais com isso", diz a pedagoga Etienne Martins, que corre há oito anos. Ela já enfrentou "molecada embriagada que, na volta da balada, xinga e joga o carro", além de quedas em calçadas ruins.

Por isso, o corredor tem que estar atento e tomar medidas preventivas, como usar roupas chamativas ""se correr à noite, buscar cintos reflexivos ou sinalizadores pisca-pisca e lanterna de cabeça.

Mesmo diante dos riscos, treinadores e atletas dizem que é melhor correr na contramão. "Dessa forma posso antever o movimento dos motoristas e outros imprevistos", diz o consultor estatístico e ultramaratonista Paulo Nogueira Starzynski.

Correndo assim, porém, é preciso ter atenção redobrada ao atravessar as ruas transversais, especialmente as que têm mão única.

O motorista que vai entrar à direita costuma olhar apenas para a sua esquerda, nem imaginando que possa vir alguém na contramão. Por isso, é bom reduzir o passo e até mesmo subir na calçada nos cruzamentos.

Além disso, quando estão nas ruas, os corredores devem abdicar da música, por mais que gostem. Correr com fone de ouvido aumenta os riscos, pois o aparelho reduz a prontidão dos sentidos.

Quem for absolutamente viciado no som deve pelo menos baixar um pouco o volume e usar o plugue em apenas um dos ouvidos, para que possa ouvir os barulhos externos, sugere o treinador Luis Eduardo Tavares.


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