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Universidades em crise

Atacado, ex-reitor critica 'desmonte' da USP

João Grandino Rodas critica planos do sucessor e se defende das acusações de que deixou universidade 'falida'

'Situação da Unesp e da Unicamp é bastante similar, mesmo que eu não tenha sido reitor lá', afirma ex-dirigente

FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO

A USP tem passado por processo de desmonte nos últimos meses, afirma o ex-reitor João Grandino Rodas.

Em sua primeira entrevista após deixar o cargo, em janeiro, Rodas critica a ideia do atual reitor, Marco Antonio Zago, de adotar plano de demissões voluntárias para 10% dos funcionários e transferir o Hospital Universitário para o governo paulista.

Zago, que foi pró-reitor da administração Rodas, afirma que adotou as medidas devido à situação que encontrou, em que a folha de pagamento consome 105,6% do orçamento da USP. Procurado, ele preferiu não se manifestar.

A seguir, os principais trechos da entrevista, concedida à Folha por e-mail, em que rebate a crítica, feita por parte da universidade, de que ele é o causador da crise.

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Folha - O novo reitor diz que adotou cortes devido à expansão da folha de pagamento em sua gestão. O sr. concorda?
João Grandino Rodas - A USP, nos últimos anos, aumentou o número de alunos [20% em oito anos]. Entretanto, o percentual de imposto a ser recebido [do Estado] não mudou. Em tempos de vacas gordas, isso não se nota. Contudo, quando os recebimentos diminuem [queda no repasse proveniente do ICMS], é óbvio que o aumento de dispêndio exerce certa pressão.
Na gestão 2010-2013, não houve aumento sensível do número de funcionários [a alta foi de 8%]. Mas foi instituído por voto unânime do Conselho Universitário plano de carreira, pois uma universidade de nível tem de ter funcionários motivados [o plano permitiu aumento médio de 75% nos salários].
Quando sobrevém período financeiro crítico, é normal que tais mecanismos de aumento salarial sejam espaçados. Entretanto não se pode dizer, como a atual gestão vem fazendo, que a USP está "falida" e muito menos que o responsável sou eu.
Com reserva bilionária nos bancos [hoje em R$ 1,6 bilhão], como pode a USP estar "falida"? Ressalte-se que a situação do comprometimento orçamentário da Unesp e da Unicamp é bastante similar à da USP, mesmo que eu não tenha sido reitor lá [elas usam cerca de 95% com pessoal].
Quando assumi, havia R$ 3,6 bilhões de saldo em bancos. Manter indefinidamente as reservas contraria o seu próprio objetivo, pois o dinheiro não existe para perder valor e dar lucro aos bancos.

Qual sua opinião sobre o plano de demissões voluntárias?
Demanda altas somas de dinheiro, para "comprar" o pedido de demissão. Tenho dúvidas de que a USP possa gastar altas somas e não correr o risco de ações civis, para proteger o dinheiro público.
Por fim, se não for bem alinhavado, acorrerão ao PDV (plano de demissões voluntárias) funcionários mais aptos, que conseguirão lugares na iniciativa privada, com prejuízos para a USP.

Uma comissão nomeada pelo reitor concluiu que as causas do desequilíbrio financeiro foram as movimentações na carreira de funcionários, que não foram aprovadas pelo Conselho Universitário.
Não conheço o resultado da sindicância. Considero que deveriam ser abertas sindicâncias em todos os órgãos da USP, inclusive nas pró-reitorias e outras unidades, então dirigidas pelos atuais dirigentes da USP. Será que eles se portavam de acordo com o que hoje alardeiam?

O sr. é favorável à transferência do Hospital Universitário para a Secretaria da Saúde?
Sou contra o desmonte da USP, coisa que nenhuma das outras universidades paulistas fez, pois trará prejuízos indeléveis. Quanto aos hospitais, deve-se ter em mente que são hospitais-escola. Não tem cabimento entregar hospitais prontos, que no dia seguinte serão anunciados por políticos como grande feitos em prol de currais eleitorais. Será por acaso que a autorização para entrega ocorre às vésperas das eleições?


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