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E-mails mostram troca de avisos entre estacionamentos sobre editais
Mensagens interceptadas apontam que empresas combinavam até as ofertas que seriam feitas
Órgão antimonopólio investiga concorrências realizadas em edifícios de São Paulo; seis redes estão na lista
E-mails trocados por executivos de empresas de estacionamento de São Paulo, interceptados pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), indicam acertos entre as companhias dias antes de participarem de licitações em grandes edifícios comerciais da cidade.
Neles, funcionários de redes rivais avisam sobre editais, perguntam se podem entrar nas concorrências e combinam a oferta que será feita.
O órgão antitruste abriu processo administrativo na quinta-feira (11) para investigar seis empresas diante de indícios de que atuavam como um cartel na cidade.
As investigadas são: Allpark (do grupo Estapar), Garage Inn, Multipark, Netpark, Rod e Zig Park.
"É o que chamamos de prova direta: evidência de que conversaram entre si para burlar a concorrência. São as peças principais de acusação,", diz o superintendente-geral do Cade, Eduardo Frade Rodrigues.
Em mensagem interceptada pelo órgão, enviada em setembro de 2009, um executivo da Area Parking consulta a Allpark sobre como proceder em uma licitação.
"Recebemos convite para participar de concorrência pública do Incor!!! Não é um negócio que recentemente fizemos parede' para vocês? Como fica agora? Podemos participar?", diz a mensagem.
A mensagem supostamente faz referência à concorrência pública do Instituto do Coração, do Hospital das Clínicas. Segundo o Cade, a expressão "fazer parede" é usada para designar lances de fachada usados para dar aparência de disputa à licitação.
Em outro e-mail, de agosto de 2011, executivo da Allpark avisa a colegas que recebeu ligações das concorrentes Rod e NetPark.
Ele diz que as rivais se puseram "à disposição" e que enviariam o edital promovido pelo Centro Empresarial Nações Unidas, um dos maiores do país, para a Allpark poder "balizar" suas propostas.
Embora a vencedora, segundo material obtido pelo Cade, tenha sido uma companhia de fora do grupo, os executivos confirmam por e-mail ter seguido o combinado.
Além das mensagens, foram apreendidas agendas eletrônicas que indicavam reuniões e encontros frequentes entre executivos das empresas rivais, diz o Cade.
"O fato de termos aberto o processo com um conjunto de evidências robusto nos leva a crer que muito provavelmente a conduta ocorreu e que ela foi grave", diz Rodrigues. As empresas terão até 30 dias para apresentar sua defesa depois de notificadas.
