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Crise da água
2,8 milhões vivem sob racionamento no Estado de SP
Número de afetados é 32% maior do que em agosto; 25 cidades sofrem os efeitos da estiagem prolongada
Em Valinhos, que fica 18 horas sem água duas vezes por semana, rodízio deve durar mais um ano, diz a prefeitura
Apesar das chuvas que atingiram algumas regiões do Estado nos últimos dias, o racionamento oficial de água já atinge 2,77 milhões de pessoas em 25 municípios.
O número de habitantes afetados é 32% maior do que em agosto, quando levantamento da Folha mostrou que 2,1 milhões viviam sob rodízio em 18 cidades.
O racionamento oficial ocorre em municípios onde o abastecimento de água e o tratamento de esgoto são feitos pelas prefeituras.
Não há na lista cidades em que o sistema é gerenciado pela Sabesp, embora a empresa venda água para algumas dessas cidades. Em todas elas não há prazo para que a interrupção termine.
Segundo a Defesa Civil, as chuvas registradas de janeiro a setembro no Estado foram 21,3% menores do que a média histórica. Foram 12.972 milímetros ante uma média de 17.174 milímetros.
Em ao menos um caso, Valinhos, a prefeitura admite que o racionamento deve seguir por mais um ano. Duas vezes por semana, a cidade fica 18 horas sem água.
Metade da água é do sistema Cantareira. A prefeitura diz que investirá na ampliação do tratamento. Com o investimento, de cerca de R$ 3 milhões, será possível captar mais do rio Atibaia.
Cravinhos só capta de poços e vive a mesma situação. "Todo ano, em períodos secos, percebemos alta no consumo, mas nunca precisamos racionar. É a primeira vez", disse Claudio Henrique Alves Cairo, superintendente do setor de água e esgoto.
GUARULHOS
O maior município com racionamento no Estado é Guarulhos. Lá, 13% da água é captada por meio de produção própria e 87% são comprados da Sabesp. A prefeitura diz que estuda ampliar a captação em novos mananciais.
Em Mauá, que também compra água da Sabesp, o racionamento começou na última quarta (1º). Segundo o município, desde julho o fornecimento da Sabesp caiu 22%.
Moradores dizem que já sofrem com o desabastecimento há ao menos três meses.
Oficialmente, a cidade foi dividida em cinco partes e cada uma fica sem água durante um dia da semana, de segunda a sexta-feira.
O aposentado Luiz Carlos Lissoni, 56, já chegou a ficar quatro dias sem água. Ontem (3/10), estava com a torneira seca. Para minimizar os problemas, comprou uma caixa de 1.500 litros por R$ 410 e tinha outra de 1.000 litros. "Tenho uma mulher doente, que precisa de mais de um banho por dia", afirma.
A Sabesp informou que não houve redução do envio de água para Mauá no primeiro semestre. Sobre Guarulhos, diz que reduziu a vazão para a cidade porque a ANA (Agência Nacional de Águas) exigiu a diminuição da captação do sistema Cantareira.