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Jadir Ambrósio (1922-2014)
Mineiro movido pela música e pelo afeto
FLÁVIA FARIA DA EDITORIA DE TREINAMENTOPedro Henrique tinha quatro anos quando perguntou ao avô quem era mais rico: ele ou Silvio Santos. Talvez o ar impecável de Jadir Ambrósio, sempre de terno, tenha passado ao menino uma falsa impressão. A riqueza dele não era contada em dinheiro, mas cantada em samba.
Nascido em Vespasiano (MG), Jadir se mudou com os pais e os seis irmãos para Belo Horizonte. Lá, ainda garoto, aprendeu sozinho a tocar violão --era canhoto e não havia quem lhe ensinasse.
Mais velho, estudou música e se tornou maestro do coral da igreja da Renascença, bairro onde morava. Certo dia, uma jovem foi fazer uma audição. Era a sambista Clara Nunes, então com 16 anos.
Foi Jadir quem a levou para cantar nas rádios mineiras. Tornou-se seu professor, mentor e grande amigo.
O maestro compôs o hino do Cruzeiro, o que o tornou conhecido na cidade. Também é autor da música "Buraco de Tatu", gravada por Luiz Gonzaga, e de tantas outras que nunca chegou a registrar formalmente.
A vizinha Neide Pessoa, 78, conta que da janela de casa ouvia o som do violão. Jadir adorava reunir os amigos em volta do instrumento.
Budista desde os anos 1970, era o rei das frases rimadas e positivas, que serviam como conforto em momentos difíceis. "Meu pai era movido pelo afeto", conta sua filha Márcia, 61.
Morreu na segunda (29), em decorrência de problemas no rim e no coração. Deixa a viúva, Helena, cinco filhos e sete netos. Amanhã (6/10), às 19h, a família realiza uma cerimônia budista no Centro Cultural, no bairro do Prado.