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A dama dos tubarões

Ex-modelo viaja o mundo para encarar (e registrar) o contato com grandes predadores do oceano

ROBERTO DE OLIVEIRA DE SÃO PAULO

Chegar ao paraíso não é tarefa das mais simples. A travessia da fotógrafa Raquel Rossa custou quase 20 horas de voo e um dia inteiro de barco em meio ao mar revolto, com ondas de até 3 m, e uma ventania dos infernos, com rajadas de até 80 km/h. Sem contar a bunda quicando no barco durante todo o trajeto.

A Polinésia Francesa, na Oceania, com seus bangalôs suspensos nas águas transparentes do Pacífico, costuma figurar na lista dos destinos prediletos para curtir a lua de mel. Não era esse o roteiro que a moça procurava.

Sob efeito de oito horas de "jet lag", a cabeça rodando e só pensando em emoção, ela mergulhou em um cânion marinho de 40 m de profundidade, com uma corrente que beirava os 15 km/h.

Quando alcançou o fundo do mar, deu-se conta de que tinha companhia. Sobre a cabeça, pairava um cardume com centenas de tubarões.

Há quem se amarre em tirar fotos na torre Eiffel ou abraçado ao Mickey na Disney. O barato de Raquel é sair pelos mares afora atrás desses bichões imortalizados por Steven Spielberg nos anos 1970. "São animais indevidamente associados à crueldade e à violência", diz ela.

A CULPA É DO SPIELBERG

Raquel, 35, credita ao thriller "Tubarão" (que tocava aquela musiquinha arrepiante sempre que o bicho aparecia na tela) o "mito no qual o peixe passou a ser visto como um assassino sanguinário".

"Estão acabando com esses animais, fundamentais para o equilíbrio dos mares." Ela já mergulhou por cerca de 250 pontos espalhados por 15 países. Tudo registrado em fotos e vídeos. Voltou à faculdade e estuda biologia para compreender melhor o universo dessas espécies. Escreve para sites, revistas e dá palestras sobre a importância dos tubarões nos mares.

Pelos 55 kg distribuídos por 1,79 m, a gaúcha de nascença, mas paulistana por opção, presta uma homenagem a eles. Tatuou no corpo três desses bichões: o de recife, o tigre e o martelo, que contornam a região lombar. Acima da cintura de 63 cm, nas costas, um dragão, seu signo no horóscopo chinês. No punho, o símbolo do mergulho.

"Sou ligada à água desde os três anos de idade", lembra Raquel, que nasceu em Caxias do Sul (RS). "Da piscina para o mar dos tubarões foi um pulinho", brinca.

A paixão começou quando ela fez o mergulho de batismo, em Fernando de Noronha, seis anos atrás.

"Cheguei bem pertinho de um tubarão-lixa", conta. "Nunca tinha visto um antes, mas eles sempre me inspiraram respeito. São animais sensíveis e sensitivos", diz.

Ex-modelo que já desfilou na Europa e nos EUA para grifes como Armani e Kenzo, hoje Raquel colabora com ONGs como o Instituto Sea Shepherd Brasil (Guardiões do Mar) e Divers for Sharks.

Uma das suas bandeiras é a luta contra o "finning", tipo de pesca que vem se tornando prática comum em mares brasileiros.

A coleção de uma marca famosa traz fotos de tubarões feitas por ela e pelo fotógrafo de moda Jacques Dequeker, estampadas em camisetas.

Parte do dinheiro arrecadado com a venda do produto reverterá em benefício da defesa dos tubarões.


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