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Crise na segurança

Secretário caiu pelo 'conjunto da obra'

Segundo assessores de Alckmin, governador já queria substituir Ferreira Pinto, mas não encontrava um nome

Incapacidade de reduzir homicídios e relutância em aceitar ajuda da União também influenciaram saída

DE SÃO PAULO

Antonio Ferreira Pinto soube que seria demitido do cargo na última segunda-feira, ao receber um telefonema do secretário Sidney Beraldo, chefe da Casa Civil do governador Geraldo Alckmin, convocando-o para ir ao Palácio dos Bandeirantes no final daquela tarde.

Beraldo sempre informava qual era o tema do encontro com o governador, para que o secretário se preparasse para a reunião. Naquele telefonema, porém, não mencionara tema algum.

Beraldo, e depois Alckmin, anunciaram que queriam o cargo do secretário. O nome de Fernando Grella Vieira, o substituto, não foi mencionado uma única vez no encontro, segundo a Folha apurou.

Alckmin só decidiu demitir Ferreira Pinto depois que Grella aceitou o convite na própria segunda-feira. Até então, não encontrara um nome para a função.

Não houve uma gota d´água para a queda de Ferreira Pinto, segundo avaliação de pelo menos três assessores de Alckmin ouvidos pela Folha.

Ele caiu pelo conjunto da obra: a incapacidade de estancar a escalada dos homicídios, a relação para lá de esgarçada com a Polícia Civil, a perda de controle (segundo a visão do governo) sobre a Polícia Militar e a sua relutância em aceitar ajuda da União num momento de crise.

Pesou também o fato de que o governo avalia que o ex-secretário era pouco midiático e incapaz de estabelecer um diálogo com a chamada sociedade civil _entidades que começavam a carimbar o rótulo de truculento no governo do Estado pelo número de mortes atribuídas à Polícia Militar e pela falta de informações sobre a recente onda de crimes.

Ferreira Pinto não deu entrevistas. Na carta em que pede exoneração do cargo, agradece "a confiança e o apoio" de Alckmin.

Os choques entre o agora ex-secretário e o governador se tornaram públicos quando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse no final de outubro, na véspera do segundo turno das eleições, que a Secretaria de Segurança havia recusado uma oferta de ajuda do governo federal para tentar conter a crise. Ferreira Pinto disse à Folha na época que o ministro mentira, que não havia nenhuma oferta concreta.

O governo considerou inábil a atitude do então secretário. A análise era que não se recusa ajuda no meio de uma onda de homicídios.

Ferreira Pinto tinha uma visão diferente do episódio. Achava que o governo federal sabia menos de PCC (Primeiro Comando da Capital) do que as Secretarias de Segurança e de Administração Penitenciária. Dizia que o governo federal aumentava a importância da organização criminosa para desqualificar o seu trabalho à frente da Secretaria de Segurança.

O ex-secretário tratava a oferta como uma jogada política de Cardozo, com o objetivo de alavancar o nome do ministro entre os postulantes petistas para a eleição ao governo do Estado, em 2014.

Ele disse a auxiliares que Alckmin caiu numa armadilha ao aceitar a ajuda do governo federal.


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