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Ator Walmor Chagas morre aos 82 em SP

Corpo de expoente do Teatro Brasileiro de Comédia é achado com arma no colo em pousada de Guaratinguetá

Segundo a polícia local, que trabalha com a hipótese de suicídio, um tiro na cabeça foi a causa da morte

DE SÃO PAULO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM GUARATINGUETÁ

O ator Walmor Chagas morreu ontem, aos 82 anos, na pousada em que morava e da qual era dono em Guaratinguetá (187 km a nordeste de São Paulo), na região do Vale do Paraíba.

De acordo com Antônio Luiz Marcelino, delegado-assistente da seccional de Guaratinguetá (Polícia Civil), que atendeu a ocorrência, o corpo de Walmor foi encontrado sentado em uma cadeira. Ele tinha um revólver calibre 38 no colo e estava com as duas mãos sobre ele.

Na arma havia quatro balas, além de uma deflagrada. A cápsula estava no chão. Chagas tinha uma perfuração na têmpora direita. O tiro atravessou a cabeça.

Segundo o delegado, a suspeita é de suicídio, mas a confirmação depende dos laudos do Instituto de Criminalística e do IML.

Quando a polícia chegou, só Walmor e o funcionário José Arteiro de Almeida estavam no local. Administrador do estabelecimento, Almeida disse que encontrou o corpo por volta das 16h40 de ontem e chamou a polícia.

O funcionário trabalhava com Walmor havia 30 anos. Disse que foi tomar banho e, ao voltar, encontrou o corpo.

ESTREIA NA TV

Nascido em Alegrete (RS), Walmor estreou no programa "Grande Teatro Tupi", da TV Tupi, em 1953.

Nos anos seguintes, tornou-se uma das principais figuras do teatro na capital paulista, atuando no TBC, o Teatro Brasileiro de Comédia -referência de arte dramática no país nos anos 50 e 60-, ao lado de Cacilda Becker, com quem se casou. Adotaram uma filha em 1964.

Uma de suas interpretações mais marcantes foi em "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?", texto de Edward Albee encenado por Maurice Vaneau em 1965. Nos anos 1960, também trabalhou diversas vezes com o diretor Flávio Rangel, que o dirigiu em "Esperando Godot" (1969), de Samuel Beckett.

A estreia no cinema foi 1965, em "São Paulo S/A", de Luís Sérgio Person.

Na TV, teve papeis em novelas como "A Favorita" (2008), "Selva de Pedra" (1986) e "Vereda Tropical" (1984), na Globo.

VIVER É MORRER

Em 2011, em entrevista à série "Grandes Atores", da GloboNews, o ator disse que passara a se sentir deslocado no circuito das artes.

"É como um atleta: tem um período de auge, depois começa a decair", afirmou.

"Viver para mim é vontade de morrer, já dizia Drummond. Morrer é fundamental. Estou esperando a morte a cada minuto, a cada momento. Sem problemas."

A última peça de teatro estrelada e escrita por Walmor debatia o suicídio. Com o título "Um Homem Indignado", entrou em cartaz em São Paulo em 2005, com direção de Djalma Limongi Batista.

Com base na peça e em entrevistas com o ator, Limongi Batista escreveu o livro "Ensaio Aberto para um Homem Indignado", lançado pela coleção Aplauso (Imprensa Oficial). Segundo ele, nos últimos anos Walmor se isolara completamente na pousada de Guaratinguetá. "Era coisa dele mesmo, ele gostava. Se for pensar, a geração toda dele foi indo embora, é natural que a pessoa vá se isolando. Deve ser um sentimento horrível. Ele era muito sensível."


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