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Tragédia no sul

Cerimônia foi uma das várias homenagens feitas ontem às vítimas do incêndio

Número de mortos na tragédia subiu para 237; à noite, familiares e amigos se reuniram em frente a boate

DOS ENVIADOS A SANTA MARIA

A basílica de Nossa Senhora Medianeira (santa padroeira do Rio Grande do Sul) foi pequena para as mais de 3.000 pessoas de Santa Maria e outros municípios gaúchos, que foram na noite de ontem homenagear as vítimas do incêndio na boate Kiss.

A missa de sétimo dia coletiva, celebrada pela Igreja Católica, foi uma das várias que ocorreram na cidade.

As pessoas chegaram em silêncio, a maioria vestindo camisetas brancas, vários com lenços nas cores da bandeira do Rio Grande -verde, vermelho e amarelo.

Uma emoção contida, mas que vez ou outra explodia em desespero e dor.

O culto nem havia ainda começado, quando Luse Maria Chaves Nunes, 59, sufocando com a falta de ar, o corpo violentamente chacoalhado por espasmos, teve de ser amparada. Foi a oportunidade para que se visse em ação o monumental esquema de segurança montado para atender emergências.

Bastaram sete minutos entre a crise de desespero da mulher e uma ambulância sair em disparada, levando-a ao Hospital de Caridade, onde ainda estavam vítimas do incêndio na boate.

A missa foi celebrada pelo bispo-auxiliar de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, que não hesitou em chamar os mortos de "santos" e "de gurizada justa".

Mais de cem voluntários do Serviço 24 horas de Atenção em Saúde Mental estavam espalhados pela nave principal da igreja. Olhos atentos aos casos mais flagrantes de desespero, distribuíam panfleto de orientação sobre onde buscar socorro e amparo.

O prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB), a quem faixas afixadas na frente da boate Kiss chamavam de "assassino", sentou-se nas primeiras filas da basílica.

A missa era para ter acontecido no centro da cidade, na catedral de Santa Maria. Deveria ser seguida por uma vigília na porta da boate.

No meio da tarde, contudo, a prefeitura de Santa Maria decidiu cancelar missa e vigília, alegando más condições do tempo.

A partir das 23h, familiares, amigos e curiosos, ignorando o cancelamento da vigília, foram até a frente da boate -onde, mais cedo, um grupo colocou no asfalto rosas brancas no formato de uma cruz.

Quando uma mulher caiu ao chão, desmaiada, ouviu-se o grito de que a culpa era do prefeito. O clima ficou tenso.

Então, anunciou-se a morte do administrador de empresas Bruno Portella Fricks -a 237ª vítima do incêndio. Vieram palmas, mais choro e, de novo, o silêncio reinou.


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