Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Tragédia no sul

Se soubesse dos fogos, não teria autorizado, afirma dono da Kiss

Em entrevista ao "Fantástico", Spohr disse ainda que clientes atrapalharam o resgate das vítimas

Internado desde o dia da tragédia, o sócio da casa noturna deve ser preso hoje, assim que receber alta médica

DE SÃO PAULO

Um dos sócios da boate Kiss, Elissandro Spohr, o Kiko, negou saber que a banda Gurizada Fandangueira usava fogos de artifício em seus shows, disse desconhecer a capacidade máxima do local e ainda afirmou que o resgate das vítimas foi prejudicado pelos próprios clientes, que ficaram na porta da boate na hora do incêndio.

Spohr falou pela primeira vez desde a tragédia em Santa Maria, quando 237 pessoas morreram -a maioria intoxicada pela fumaça.

Detido em um hospital particular na cidade de Cruz Alta, Spohr deu entrevista ao "Fantástico", da TV Globo. Ele deve receber alta hoje e, em seguida, irá a uma prisão.

Ele permanece internado desde o dia da tragédia porque, segundo os médicos, havia inalado fumaça tóxica e estava muito abalado. Spohr disse desconhecer que a banda Gurizada Fandangueira usava fogos de artifício.

"A banda nunca falou comigo sobre isso [shows pirotécnicos]. Eu nunca autorizei isso. Faz dois anos que a banda toca lá [na Kiss], já assisti no mínimo 30 shows deles. Nunca fizeram isso, nem na Kiss. Vi shows deles em outros lugares, eles também nunca usaram isso. Se eu soubesse que iam usar, não deixaria", afirmou.

Anteontem, porém, a Folha revelou que a própria banda de Spohr, a Projeto Pantana, usou fogos durante um show em outubro na Kiss.

O advogado de Spohr, Jader Marques, disse que seu cliente não sabia qual era a capacidade máxima de pessoas na casa noturna. Segundo a polícia, a boate só estava autorizada a receber 691 pessoas, mas havia cerca de mil no dia da tragédia.

"Ele nunca recebeu dos bombeiros, da prefeitura ou de quem quer que seja uma limitação", afirmou.

Na entrevista, Spohr disse ter sido um dos primeiros a pedir que as portas da boate fossem abertas. "Quando vi que a coisa era séria, já saí gritando 'abre, abre'. Mas as pessoas, ao invés de saírem, ficaram na frente da boate, atrapalhando a saída."

O dono da Kiss disse ainda que foi orientado por um engenheiro, chamado Pedroso, a instalar espuma no teto da boate para reduzir o barulho.

A espuma, inflamável, é apontada pela polícia como a principal causa da tragédia.

"As opções eram gesso ou espuma. A espuma eu achava horrível, muito feio, aí optei por gesso. Mas continuou o barulho. Eu voltei a chamar o Pedroso para trocar uma ideia, ver o que fazer. A gente botou espuma e madeira por cima. Concreto. E aí, por fim, espuma."

O engenheiro Miguel Angelo Pedroso negou ao "Fantástico" ter aconselhado o uso de espuma. No fim da entrevista, Kiko chorou. "Tinha uma boa vida. Mas acabou."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página