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Famílias fazem vigília contra invasão de casas

Donos de imóveis vazios em condomínio de Cubatão tentam evitar que desabrigados pela enchente ocupem o local

Segundo o governo de SP, 597 das 1.154 unidades habitacionais dos conjuntos foram invadidas desde sábado

LUIZA BANDEIRA ENVIADA ESPECIAL A CUBATÃO

O barbeiro Geraldo da Silva, 50, ainda não recebeu as chaves do imóvel de um conjunto habitacional em Cubatão, litoral sul de SP, para onde se mudaria nesta semana.

Mas, com medo de que desabrigados pela chuva invadam sua casa, ele e o filho há três noites entram e saem pela janela e se revezam para não deixar o local vazio nem por um segundo sequer.

Assim como Silva, dezenas de famílias donas de casas em conjuntos habitacionais invadidos após o caos que atingiu a cidade na última sexta-feira estão fazendo vigília e se revezando para impedir que imóveis sejam tomados.

Segundo o governo de SP, 597 das 1.154 unidades habitacionais dos conjuntos foram invadidas desde sábado.

A doméstica Adilene Alves, 43, ficou sabendo no domingo que sua casa, ainda não entregue, havia sido invadida. Foi ao local e encontrou um homem, uma mulher e duas crianças na casa. "Ele não queria sair, mas não vou mentir: desci a lenha nele e joguei todas as coisas pela janela. Tive pena, mas se não tomasse essa atitude eu ia ficar sem minha casa, na rua."

Desde então, ela e a família se mudaram para o local.

Como os invasores quebraram a tranca, Adilene tem medo de sair de lá. Faltou ao trabalho para vigiar a casa.

A prefeitura e os próprios invasores dizem que nem todas as pessoas foram atingidas -algumas aproveitaram a onda e entraram nas casas.

Alguns imóveis, apesar de vazios, já tinham destino: seriam entregues a moradores de área de risco de outras regiões. Parte viria de bairros localizados entre duas pistas da Anchieta. Além do risco de deslizamento, existe a possibilidade de caminhões acidentados atingirem as casas.

Morador da Cota 200 (comunidade no pé da serra), o aposentado Leonísio dos Santos, 81, também se deparou com ocupantes em sua casa.

Ele e sua família já haviam empacotado as coisas para a mudança, prevista para depois de amanhã. "Ele [o invasor] disse: 'Eu tô aqui tomando conta pro dono'. Aí eu digo: 'Ô, rapaz, o dono sou eu'".

O invasor foi embora e, desde então, a filha de Leonísio dorme na casa nova.

O desempregado Donisete Batista, 50, não deu a mesma sorte. No sábado, chegou a dormir no apartamento, mas voltou para a casa, na Cota 200, para almoçar. "Quando voltei tinha um cara tatuado lá. Vou fazer o quê? Pode ser mau elemento, não vou brigar."

Os invasores dizem que não vão sair e que também têm direito à moradia. A prefeitura e o governo do Estado afirmam que pedirão a reintegração de posse dos imóveis.


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