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Oito são denunciados por morte de pacientes em hospital de Curitiba
Junta analisou prontuários e concluiu que práticas contrariavam recomendações médicas
Segundo a Promotoria do PR, os profissionais investigados agiam sob comando da médica que chefiava a UTI
Quatro médicos, três enfermeiros e uma fisioterapeuta que trabalhavam na UTI do Hospital Evangélico de Curitiba foram denunciados ontem pelo Ministério Público do Paraná sob acusação de anteciparem mortes de pacientes para liberação de leitos.
Os oito denunciados responderão pelo crime de formação de quadrilha e seis deles pelo de homicídio qualificado. As penas podem chegar a 33 anos de prisão.
A análise dos prontuários por uma junta médica levou a Promotoria a concluir que houve antecipação das mortes por práticas contrárias às recomendações da literatura médica.
A denúncia responsabiliza os acusados por sete mortes, ocorridas entre maio de 2011 e janeiro de 2013. Pelo menos cem prontuários foram analisados, dos quais 28 tinham indícios de mortes provocadas.
Segundo o Ministério Público, os profissionais agiam sob o comando da médica Virgínia Helena Soares de Souza, 56, ex-chefe da UTI, que está presa. A Promotoria sustenta que ela ordenava a aplicação de bloqueadores neuromusculares ou anestésicos e diminuía a quantidade de oxigênio dos respiradores, provocando a morte por asfixia.
Dos seis indiciados, cinco foram denunciados: a ex-chefe da UTI, os médicos Anderson de Freitas, Edison Anselmo da Silva Junior e Maria Israela Cortez Boccato, e a enfermeira Laís da Silva Groff. Todos negam as acusações.
A Promotoria não ofereceu denúncia contra a médica Krissia Wallbach por não haver elementos suficientes para sustentar uma acusação.
Além deles, os enfermeiros Claudinei Machado Nunes e Patrícia de Goveia Ribeiro e a fisioterapeuta Carmencita Minozzo também foram denunciados, os dois últimos apenas por formação de quadrilha.
As vítimas citadas na denúncia eram pacientes do SUS e de convênios, o que, a princípio, descartaria interesse financeiro. A Justiça terá cinco dias para decidir se acata ou não a denúncia.