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Foi o maior erro judiciário do país, diz defesa
Mizael Bispo de Souza, que afirmou ser inocente em todo o processo, chorou ao ser condenado a 20 anos de prisão
Advogado quer anular julgamento, alegando cerceamento de defesa; para promotor, pena foi a esperada
Mizael Bispo de Souza chorou ao saber da condenação e afirmou em todos os instantes que é inocente do assassinato de Mércia Nakashima.
A família do policial aposentado não falou com a imprensa. Um de seus irmãos deixou o Fórum de Guarulhos pela porta da frente, escoltado pela polícia.
"Foi o maior erro judiciário da história brasileira", disse o advogado Samir Haddad Junior. Ele afirmou que a defesa vai recorrer sob a alegação de que o policial foi condenado contra as provas existentes no processo.
Além disso, reclamou do aumento de dois anos na pena em razão de o juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano ter considerado que Mizael mentiu. "No Brasil não existe aumento de pena por mentira."
O advogado afirmou que pretende pedir a anulação do júri. Considerou que houve cerceamento de defesa, pois Mizael foi impedido de ficar no plenário e atuar como advogado de si próprio quando o irmão de Mércia, Márcio Nakashima, pediu ao depor que ele fosse retirado do júri.
Ele também afirmou que vai pedir para Mizael apelar em liberdade. "Se a prisão dele foi baseada em ameaças [que Mizael teria feito a testemunhas], com a condenação, não tem mais perigo de ele influenciar o processo."
Se todos os recursos forem negados, Mizael deve ficar mais sete anos preso em regime fechado. Pode pedir alteração de regime -ir para colônia agrícola ou deixar a prisão para trabalhar ou estudar- após cumprir dois quintos da pena: oito anos. O tempo que ele já está preso -um ano- é descontado deste período.
Para o promotor Rodrigo Merli Antunes, que se emocionou na leitura da sentença, a pena ficou dentro da prevista. "Esperava algo em torno de 20 a 25 anos. Agora vou avaliar com a assistência de acusação [se vamos recorrer]."
Já Alexandre de Sá Domingues, assistente de acusação contratado pela família Nakashima, achou a pena pequena. "Estou satisfeito com a condenação, mas a expectativa era uma pena um pouco maior." Ele também disse que avaliará se vai recorrer.
O vigia Evandro Bezerra da Silva, apontado como cúmplice no crime, será julgado em 29 de julho.