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'Morador quer socializar', diz urbanista

Para italiano, sustentabilidade diz mais respeito à qualidade de vida do que ao consumo de energia ou água

Relação das pessoas com os espaços públicos deve nortear governos; satisfação com a cidade reflete na vida privada

CAROLINE APPLE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para o arquiteto e urbanista italiano Mario Cucinella, o princípio da arquitetura sustentável é fazer as pessoas felizes no lugar onde elas vivem --mais do que apenas reduzir o consumo de bens naturais.

Diretor da Plea (Passive and Low Energy Architecture), organização para difundir a arquitetura sustentável, Cucinella esteve em São Paulo, na 10ª Bienal de Arquitetura.

Em palestra, ele apresentou o projeto de reurbanização do bairro San Berillo, na Itália, que teve a participação efetiva dos moradores.

Confira os principais trechos da entrevista à Folha.

Folha - Em que contexto você vê as soluções sustentáveis?

Mario Cucinella - A sustentabilidade deve ser pensada desde uma visão estratégica de soluções de infraestrutura, em grande escala, até a resolução de problemas concretos, em menor escala.

Como desenvolver isso?

Acredito em um processo participativo, onde as pessoas expressam suas necessidades aos arquitetos. Assim, é possível entender as complexidades locais e as especificidades arquitetônicas. Fazer a transição do mundo globalizado para o sustentável exige tempo e ação.

Como construções já existentes podem ser sustentáveis?

É possível tornar os sistemas de aquecimento e refrigeração mais eficientes e melhorar o isolamento dos edifícios, por exemplo. A solução não deve ser vista apenas como redução do consumo, mas como uma melhoria da aparência e na qualidade de vida. Sustentabilidade, neste caso, significa melhorar a vida das pessoas, especialmente as de baixa renda, com edifícios que exigem menos energia e proporcionam mais conforto.

Como o espaço urbano se insere neste cenário?

É preciso ser consciente da importância do mundo em nossas vidas, sem distinguir o público do privado. A qualidade de vida das pessoas deve ser o centro da política urbana e, portanto, a relação das pessoas com os espaços públicos. Se dermos mais atenção às áreas públicas, conseguiremos melhorar a vida nos edifícios, na vida privada. O modelo atual valoriza o contrário.

Você percebe atenção maior às práticas sustentáveis hoje?

A sustentabilidade não pode ser uma opção. Os acordos internacionais, como o protocolo de Kyoto e a conferência do Rio+20, apontam isso. Os políticos terão que se confrontar com uma população que necessita de itens básicos, como energia, água e, especialmente, sociabilidade.

Como fazer as incorporadoras se preocuparem com o tema?

As construtoras querem construir edifícios sustentáveis porque os investidores buscam projetos de qualidade reconhecida. Muitos edifícios residenciais na Europa são construídos com regras de qualidade ambiental porque o consumidor pede que sejam assim. Elas querem espaços sociais serenos, onde as crianças possam brincar com tranquilidade e segurança, longe de carros e poluição, e com chances de ter vida social com outros moradores. Isso é sustentabilidade.

A arquitetura sustentável tem custos mais altos...

É errado ver a construção sustentável pelo custo. Não é possível construir um projeto que seja indiferente às pessoas. Todo o resto é uma desculpa para não mudar.


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