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Otimismo e autoconfiança contrastavam com ansiedade

Presidenciável costumava fazer planos com bastante antecedência

VERA MAGALHÃES EDITORA DO PAINEL

No primeiro semestre de 2004, o então ministro de Ciência e Tecnologia Eduardo Campos reuniu um grupo de assessores em Brasília para discutir a campanha. Todos começaram a dar opiniões sobre o quadro para a sucessão no Recife, que ocorreria dali a alguns meses. Campos cortou a conversa: "Serei candidato a governador de Pernambuco".

O presidenciável costumava pensar longe. E com antecedência. Costumava citar um episódio ocorrido em Arcoverde, quando ainda tinha dúvida sobre se seria candidato a deputado estadual, federal ou senador. Um líder político local aconselhou: "Meu filho, gato com sentido em dois ratos não pega nenhum".

Ele decidiu ser candidato a deputado federal, mesmo dividindo votos com o avô e ex-governador Miguel Arraes. Ambos se elegeram.

Nas primeiras sondagens para a eleição de 2006 para o governo de Pernambuco, suas intenções de votos oscilavam entre 3% e 5%.

Quando todos esperavam que ele se lançasse como candidato de oposição ao então governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), ele, de novo, surpreendeu os assessores: "Não serei candidato anti-Jarbas, serei candidato pós-Jarbas".

Por isso, quem convivia com Campos não tinha dúvida de que ele seria candidato a presidente em 2012, quando fez da sucessão municipal um laboratório para o rompimento nacional com o PT, que concretizaria no ano seguinte.

Ali foi esboçado o afastamento com o partido de Lula e Dilma. Quando era questionado se disputaria o Planalto, na época, Campos costumava dizer que não seria candidato contra o ex-presidente, do qual fora ministro e a quem devia lealdade política.

"De Lula sou devedor. Com Dilma, sou credor", ele costumava pontuar, ao lembrar que em 2010 havia atuado para impedir a candidatura de Ciro Gomes e garantir o apoio de seu PSB à candidata de Lula.

Quando a ruptura ficou clara, ele e Lula se afastaram, mas o respeito ficou. No auge do afastamento, questionado sobre por que não se falavam, disse: "Estamos numa situação em que um não quer ouvir um 'não' do outro".

Reservadamente, antes de selar a aliança com Marina Silva e tornar praticamente irreversível a candidatura, Campos brincava: "Não só serei candidato a presidente como corro o sério risco de ganhar".

Quando empresários e banqueiros começaram a baixar em Pernambuco para conhecer melhor o possível presidenciável, repetia uma frase que dissera à mulher, Renata, na campanha de 2006, quando a embaixadora dos Estados Unidos lhe pediu uma audiência quando ainda patinava nas pesquisas: "Acho que vamos ganhar. Esse pessoal não ia se abalar até aqui para falar com um derrotado".

O otimismo e a autoconfiança contrastavam com a ansiedade. Costumava roer as unhas nos momentos tensos e tinha um tique: ficar oscilando entre as pontas e a planta dos pés enquanto aguardava para discursar.

O mesmo traço de personalidade lhe garantiu a fama de workaholic. Em 2013, Campos participou de um evento promovido pelo empresário João Dória. Foi apresentado ao presidente da Procter & Gamble, interessado em conversar com ele. "Podemos marcar uma audiência?", perguntou o empresário. "Pode ser amanhã no café? Às 7h30?", respondeu o pessebista.


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