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Entre o céu e o inferno

Depois de ser tratado até por aliados como candidato liquidado, Aécio reage em busca de reviravolta inédita que o levaria a duelo com petistas no segundo turno

DANIELA LIMA DE SÃO PAULO

Aécio Neves entrará para a história da política brasileira neste domingo (5), para o bem ou para o mal.

Pode se tornar o primeiro candidato desde a redemocratização a passar para o segundo turno da eleição presidencial depois de ter sido rebaixado à terceira colocação, 20 pontos percentuais atrás de suas principais adversárias.

Ou poderá ser lembrado como o primeiro nome do PSDB a ficar fora da etapa final de uma disputa nacional desde que a sigla chegou ao poder, em 1994, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Os dois cenários, distantes como o céu e o inferno, se alternam na cabeça do tucano desde o dia 13 de agosto, quando Eduardo Campos (PSB), seu amigo e adversário, morreu em um acidente aéreo.

A tragédia trouxe para o centro da disputa a ex-senadora Marina Silva, que havia se filiado ao PSB para ser vice de Campos.

Mais conhecida que Aécio e uma das poucas figuras públicas do país a se beneficiar com os protestos de junho de 2013, Marina logo se tornou favorita. Impulsionada ainda pela comoção com a morte do aliado, fez com que a candidatura do tucano parecesse fadada ao fracasso.

Sinais negativos vinham de todas as partes. Os convites para eventos públicos com aliados diminuíram. Financiadores frearam as doações. Analistas políticos retrataram a campanha como liquidada.

Não fosse o suficiente, um erro no berço eleitoral de Aécio tornava-se cada dia mais evidente. Pimenta da Veiga (PSDB), nome que o presidenciável havia escolhido para disputar o governo em Minas Gerais, personificara o risco de um fiasco duplo: a derrota nacional e a estadual.

O grupo político de Aécio manda em Minas desde que ele se elegeu governador, em 2002. As pesquisas indicam que Pimenta encerrará esse ciclo, sendo derrotado pelo petista Fernando Pimentel.

Pressionado a se voltar para Minas, a fim de preservar o capital político regional, Aécio resistiu.

Com menos espaço na mídia nacional, refez o plano de comunicação e a programação da campanha. Centrou esforços nas regiões Sul e Sudeste, onde avaliou ter mais chances de recuperar o terreno perdido para Marina.

Passou a associar a adversária ao PT, partido no qual ela militou por mais de 20 anos, na propaganda eleitoral. Queria o voto antipetista de volta.

Para superar a redução do espaço no noticiário nacional, falava diariamente para rádios regionais. Chegou a reunir representantes de 83 jornais de bairro de São Paulo -o maior colégio eleitoral do país- para uma longa entrevista.

Recorreu a amigos famosos, como o ex-jogador Ronaldo, para atrair mídia e controlou pessoalmente a fuga de aliados, mobilizando seu pessoal por telefone todos os dias. Pregava a "volta da racionalidade à eleição".

Dizia que, passada a comoção com a morte de Campos, o eleitor iria ponderar se Marina tinha, de fato, condições de governar. Apostou nisso e na tese de que o PT, partido da presidente Dilma Rousseff, não assistiria inerte à ascensão da nova rival, o que de fato ocorreu.

Desde meados de setembro, começou a reagir nas pesquisas, lentamente. "Só um milagre", ouviu diversas vezes. Marina, por sua vez, desidratou.

O cronograma otimista do tucano se cumpriu. Ele chega à reta final da disputa empatado com Marina, como previu depois de despencar nas pesquisas.

Agora as urnas responderão se Aécio terá ou não o seu milagre.


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