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Derrota de Aécio em MG é 'colada' à de aliado
Tucano e Pimenta, seu candidato no Estado, perderam nas mesmas áreas
Melhor votação de nomes do PSDB ocorreu em regiões sob forte influência do agronegócio
No fim de julho, Aécio Neves (PSDB) tinha o terreno preparado para receber a "votação histórica" que tucanos e pesquisas indicavam em Minas Gerais.
Somava, segundo o Ibope, 41% das intenções de voto, ante 31% de Dilma Rousseff (PT) e 5% de Eduardo Campos (PSB). Seu candidato ao governo, Pimenta da Veiga (PSDB), embora afastado da política havia dez anos, estava empatado com o ex-ministro Fernando Pimentel (PT).
Mas o acidente de 13 de agosto que matou Campos mudou toda a eleição, inclusive em Minas.
Duas semanas após a tragédia, o cenário medido pelo Ibope no Estado era outro: Aécio caíra para 34%, Dilma manteve os 31% e Marina Silva (PSB) aparecia com 20%. E Pimenta começava a ficar para trás na briga contra o PT (37% a 23%).
Aécio reforçou a campanha no Estado e recuperou terreno, mas não o bastante para evitar a perda do poder local e a derrota para Dilma em sua principal vitrine (43% a 40%).
O próprio presidenciável depois reconheceu (sem detalhar) que houve "equívocos" no começo de sua campanha em Minas, que desde o início foi pensada num pacote "três em um": Aécio, Pimenta da Veiga e Antonio Anastasia (único que venceu) para o Senado.
Ex-prefeito de Belo Horizonte e homem forte no governo Fernando Henrique, Pimenta da Veiga foi uma escolha pessoal de Aécio para a concorrer ao governo.
Petistas apontaram certa "arrogância" dos tucanos, que após 12 anos de gestões bem avaliadas teriam feito pouco esforço no começo da corrida. De fato, a articulação mais forte do comitê com prefeitos, por exemplo, só começou em setembro, quando o alarme já havia soado no QG tucano.
Enquanto isso, o PT conseguiu colar em Pimenta a pecha de "turista", pelos anos em Goiás fora da política, e se aproveitava da costura intensa e silenciosa que Pimentel promoveu pelo interior durante o período como ministro do Desenvolvimento de Dilma (2011-2014).
O petista, por exemplo, participou de inúmeras entregas de maquinário pesado a prefeituras do interior, mesmo não sendo um programa ligado à sua pasta.
Em debates, Pimentel atacou a capacidade gerencial dos tucanos em projetos sensíveis, como o do metrô e o anel rodoviário de Belo Horizonte. Dizia que "o dinheiro federal existe" e que o PSDB não tinha projeto. Evitou bater em Aécio e procurou explorar o "desgaste" dos tucanos, citando sempre os 12 anos do partido no comando do Estado.
MAPA ELEITORAL
O mapa eleitoral de Minas mostrou como as campanhas estadual e presidencial caminharam juntas.
Nas duas disputas, as distribuições das preferências foram quase idênticas.
Enquanto Aécio e Pimenta venceram na maior parte do sul do Estado, exceto na Zona da Mata (região de Juiz de Fora), Dilma e Pimentel dominaram a região norte, excluindo uma área do noroeste onde o agronegócio prevalece.
Em geral, no Estado, o PT avançou em áreas mais pobres, como ocorreu nas regiões Norte e Nordeste do país, enquanto o PSDB conquistou maioria em partes sob forte influência econômica do agronegócio e com alta renda per capita.
Nas regiões com predomínio petista há ampla disseminação de programas sociais federais, como o Bolsa Família e o Luz para Todos.