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Apoio de grandes a pequenas vira moda

Nos EUA, crise incrementou nos últimos anos ações de grandes empresas para impulsionar pequenos negócios

Ajuda se materializa também em programas de microcrédito, em geral com assessoria aos beneficiários

ROBB MANDELBAUM DO "NEW YORK TIMES"

Carlene O'Garro tinha começado a vender bolos havia um mês quando visitou a Samuel Adams, uma fábrica de cerveja em Boston, para conversar com seus conselheiros de negócios, mas levava com ela uma agenda indicativa de ambições nada modestas.

O'Garro faz bolos sem o uso de laticínios. A expectativa dela era receber conselhos sobre como expandir seu negócio. "Quero ser como Jim."

Jim é Jim Koch, fundador da Boston Beer e um dos 36 conselheiros que dedicaram uma noite em agosto a prover "treinamento expresso" para empresários nos ramos de comida, bebida e hospedagem.

Em sessões de 20 minutos, um grupo de cerca de 95 empresários levantou questões operacionais e estratégicas, respondidas por funcionários da Boston Beer, advogados e consultores especializados em pequenas empresas.

O treinamento expresso é parte do programa que a Boston Beer estabeleceu com a Accion, uma companhia de microcrédito, a fim de ajudar pequenas empresas.

Koch, que criou a Samuel Adams Boston Lager em sua casa em 1984, faz esses esforços sem abandonar seus deveres como presidente de uma empresa com valor de mercado de US$ 1,4 bilhão e faturamento anual de mais de US$ 500 milhões. Diz que não esqueceu seus primeiros dias no negócio.

MODISMO

Desde o início da recessão, o auxílio de grandes companhias às pequenas se tornou uma espécie de moda.

Em 2009, o Goldman Sachs lançou a campanha "10 mil pequenas empresas"; o Starbucks arrecada doações de fregueses para bancar crédito a pequenas companhias; e diversas grandes empresas (Walmart, Chase Bank e Staples) organizaram concursos ofertando oportunidades de varejo, distribuição, capital e equipamento de escritório.

O exemplo de Jim Koch é o mais recente daquilo designado como "marketing de causas" -vincular uma marca a uma questão social.

"As empresas querem ser vistas como parte da solução, não como inimigas", diz David Hessekiel, presidente do Cause Marketing Forum.

O programa da Boston Beer foi criado antes da mais recente crise econômica, em 2007, quando Koch foi voluntário, com outros funcionários da empresa, da pintura de um centro comunitário.

Koch decidiu reorganizar os esforços filantrópicos de sua empresa a fim de aproveitar melhor os recursos de que ela dispõe, especialmente os conhecimentos especializados de seus funcionários.

A empresa provê verba de US$ 1,4 milhão para financiamento a pequenas empresas, feitos pela Accion. Os empréstimos são de US$ 5.000 a US$ 7.000, com prazo de pagamento entre 18 meses e dois anos e taxas de juros variáveis conforme a região.

Talvez tão importante quanto o dinheiro sejam as sessões de treinamento com Koch e seus subordinados. A maioria dos programas de microcrédito oferece assessoria aos beneficiários, mas o programa da Boston Beer é sofisticado, diz Shaolee Sen, vice-presidente da Accion.

O'Garro foi uma das clientes originais do programa. Recebeu dois empréstimos, somando US$ 4.000. Ela aprendeu a fixar o preço certo para seus bolos com Mike Cramer, do departamento financeiro da Boston Beer.

"Ele preparou uma planilha mostrando quanto custam as sobremesas caras e baratas", conta O'Garro.

WEB

Oferecer apoio a algumas empresas é uma coisa. Expandir o programa para todo o país é outra. "Nossa carteira de empréstimos é tão pequena que torna possível um envolvimento intenso com os clientes", diz Sen.

Segundo ele, com o crescimento e dispersão dos projetos, a Boston Beer e a Accion tentarão esse envolvimento intenso via web em 2013, por meio de uma comunidade on-line para os clientes -com serviço e fóruns de discussão.

Em outubro, O'Garro produziu 480 bolos para cafés na região de Boston. Seu novo distribuidor negocia para lançar os bolos Delectable Desires em uma cadeia de restaurantes finos e, em seguida, pode colocá-los à venda em algumas universidades.

No começo do ano que vem, a pequena empresária espera estar faturando pelo menos US$ 5.000 ao mês -o bastante para permitir a contratação de um primeiro funcionário em tempo parcial.


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