São Paulo Paulo, Sexta-feira, 23 de Julho de 1999



CLUBE

Novos investimentos
criam discussão ética

Governo quer impedir que empresas controlem mais
de um time, como a HTMF, que tem o Corinthians
e agora negocia com o Cruzeiro

"O Tempo"   EM ALTA
André (dir.) disputa bola com Espínola em treino do Cruzeiro para o Brasileiro-99; o clube mineiro vive uma boa fase nas finanças e está fechando acordo com o fundo HMTF, dos EUA


da Reportagem Local

A corrida das empresas pelos melhores negócios no futebol brasileiro pode estar criando uma situação ética discutível.
A corrida das empresas pelos melhores negócios no futebol brasileiro pode estar criando uma situação ética discutível.
O fundo de investimento norte-americano HMTF, por exemplo, já fechou contrato com o Corinthians e está perto de firmar uma parceria com o Cruzeiro.
Além disso, o fundo também é sócio da Traffic, que controla o departamento de esportes da TV Bandeirantes, uma das emissoras que transmite os jogos do Campeonato Brasileiro. Além disso, a Traffic é a empresa responsável pela intermediação dos contratos publicitários da CBF.
A empresa norte-americana também fez uma proposta para o Flamengo, que deve, porém, fechar contrato com a ISL.
A negociação da HMTF com vários clubes acontece mesmo depois de Rafael Greca, ministro dos Esportes e Turismo, afirmar que o governo não permitiria a associação de um empresa com mais de um time.
Segundo o ministro, essa prática colocaria em risco a credibilidade das competições no país.
Junto com essa discussão, os clubes aproveitam a aproximação com empresas para “importar” os modelos de gestão dos grupos aos quais estão ligados.
“Essas empresas acabaram ficando com o poder de mudar o futebol brasileiro”, diz Paulo Carneiro, presidente do Vitória.
“É inevitável que elas acabem levando para os clubes seus próprios métodos de trabalho, o que pode organizar melhor a estrutura de todo o futebol no país.”
O Vitória, à sua maneira, vem buscando parceria com empresas para administrar seu departamento de futebol profissional.
Contratou um dos maiores bancos norte-americanos, o Chase Manhattan, que é responsável pela busca de novos parceiros para o clube baiano.
Para o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, o “Brasileiro seguramente, em dez anos, terá o grau de sofisticação de um torneio da NBA (a liga norte-americana profissional de basquete).”
“O futebol está sendo muito procurado por empresas que trazem métodos de multinacionais.”
Realidade bem diferente de uma NBA, porém, vive o Gama, de Brasília. Com dois patrocinadores nas camisas, o BRB (Banco Regional de Brasília) e o Café do Sítio, o clube consegue obter uma renda de R$ 100 mil por mês, o suficiente para cobrir só metade de sua folha de pagamento.
“Eles (os investidores) só vão atrás dos grandes. Nunca chegam nos pequenos. Nós somos o primo pobre”, define Agrício Braga, presidente do Gama. (FSx e PC)


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