São Paulo Paulo, Sexta-feira, 23 de Julho de 1999



Estabilidade aumenta
50% para treinadores


Acordos com patrocinadores e a instituição de
multas milionárias por rompimento de contrato
aumentam ‘vida útil’ de treinadores

Agência ‘O Dia’    
'OUT'
Carlinhos, técnico do Flamengo desde o início do ano, caminha pelo aeroporto Santos Dumont, no Rio; avesso à moda de os treinadores usarem ternos, ele é adepto do estilo ‘agasalho de treinamento’


da Reportagem Local

O Brasileiro-99 marca uma mudança na relação entre clubes e técnicos de futebol do país.
A competição vai começar com um aumento de quase 50%, em média, no tempo de trabalho dos treinadores em um mesmo clube.
No ano passado, os 24 técnicos que iniciaram o campeonato tinham, em média, cinco meses de experiência nos seus clubes.
Agora, os 22 treinadores que começam a disputar o torneio amanhã têm, em média, 7,4 meses nos empregos atuais.
Em 98, apenas 8, ou 33% dos 24 clubes do Campeonato Brasileiro começaram a competição com treinadores que tinham pelo menos seis meses no cargo.
Agora, 11, ou 50% dos 22 times do Nacional têm técnicos com pelo menos seis meses de experiência nas suas equipes.
Os maiores exemplos na manutenção de técnicos são justamente os dois clubes com contratos milionários de parceria mais antigos do país _Palmeiras e Vasco.
Antônio Lopes comando o Vasco, que tem uma associação com o Bank of America desde o ano passado, há 32 meses, período em que conquistou o Brasileiro-97 e a Taça Libertadores-98.
Já o palmeirense Luiz Felipe Scolari está no cargo há 25 meses _ o recorde de permanência em uma só passagem do clube paulista desde a década de 70.
O trabalho de Scolari garantiu para o Palmeiras a conquista da Copa do Brasil do ano passado e da Taça Libertadores-99.
Para a Parmalat, no Palmeiras desde 92, o ciclo do técnico no clube está longe do fim.
“Não tenho dúvida de que ele vai ficar no Palmeiras por muito tempo”, garantiu Paulo Angioni, diretor da empresa para o clube.
A manutenção do cargo aconteceu até para profissionais que tiveram resultados ruins no primeiro semestre.
O Santos, por exemplo, já está com Emerson Leão há 18 meses, mesmo com o treinador ganhando apenas a modesta Copa Conmebol no período.
Um dos motivos da permanência do técnico no cargo está em uma prática cada vez mais comum no futebol brasileiro.
Para demitir Leão, o Santos teria que pagar uma multa rescisória de R$ 1,2 milhão.
Em alguns casos, os treinadores saíram dos clubes que trabalhavam por vontade própria.
É o caso de Ricardo Gomes, que saiu do Vitória mesmo após conquistar a Copa do Nordeste no primeiro semestre.
O ex-jogador da seleção brasileira não acertou seu novo salário com o clube baiano. (FSx e PC)


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