Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Aos 26, amigo e técnico tenta devolver Cielo ao topo

NATAÇÃO Scott Goodrich, treinador do campeão olímpico em Pequim-2008, diz não saber se ele estará 100% no Mundial

FÁBIO SEIXAS DO RIO

"É aquele ali, de bermuda escura, de boné preto..."

Em meio a dezenas de nadadores e todo o entourage das equipes no complexo Maria Lenk, é preciso ajuda para identificar Scott Goodrich.

Ele não veste uniforme de nenhum clube. É recém-chegado ao país e até este momento não havia dado entrevista. E principalmente: aos 26 anos, com jeitão de 26 anos, mimetiza a imagem de atleta. Confunde-se com aquela turma competindo, torcendo, vibrando atrás de índices para nadar o Mundial.

Mas Goodrich, americano do Arizona, passou dessa fase. Abandonou a vida de atleta em 2008, ao não conseguir vaga em Pequim. Ironia, hoje sua rotina é treinar um nadador que apareceu para o mundo naquela Olimpíada.

"Quem sou eu? Essa é difícil. Sou um cara que está aqui para ajudar o Cesar nessa recuperação. Tem muito a ver com um amigo ajudando outro amigo a voltar ao topo, a ganhar o ouro de novo", conta, mascando chiclete, sorrindo, claramente empolgado.

Goodrich nadava com Cielo na Universidade de Auburn, nos EUA. Tornaram-se amigos. Mas, desde o fim do ano passado, a relação ganhou um adendo: aceitou o convite para ser seu técnico.

Pupilo de Brett Hawke, que orientou o brasileiro na conquista do ouro em Pequim, o americano estreia na borda da piscina. Mas é enfático ao declarar independência.

"Brett é como uma fonte de recursos para nós. Nessa luta para voltar ao topo, às vezes recorremos a uma solução que ele usou no passado, para ter certeza de que estamos no caminho certo", diz.

"Mas não falo sobre o Cesar com ele. Nos encontramos aqui no Rio, mas não conversávamos desde dezembro."

No Troféu Maria Lenk, que terminou ontem, Hawke acompanha Marcelo Chierighini, que treina em Auburn. Ele se classificou para os 50 m livre no Mundial a 0s31 do primeiro colocado, Cielo.

Nas entrevistas após o feito, o medalhista olímpico e mundial agradeceu Goodrich e revelou ter se inspirado em Rafael Nadal e Ronaldo na recuperação das cirurgias nos joelhos, em setembro de 2012.

O americano ri. "É, conversamos muito sobre esses caras. Assistíamos a jogos do Nadal, no começo do ano, e o Cesar dizia: Se ele pode jogar tênis, eu posso nadar. O impacto é menor'. Esse lado mental é muito forte nele."

O sorriso ganha ar mais sisudo quando questionado sobre a diferença de idade entre eles. Goodrich é só seis meses mais velho que Cielo.

"Quando começamos a conversar, eu disse que só mudaria minha vida dos EUA para o Brasil se fosse para realmente atuar como técnico. Não viria só como amigo."

O primeiro grande desafio será o Mundial, em julho.

Goodrich aponta o francês Florent Manadou, atual campeão olímpico, e o americano Nathan Adrian como favoritos nos 50 m. Diz não ter certeza de que Cielo estará 100%. Mas sorri de novo, como que sabendo que pode estar errado. "A questão é que ele fica melhor à medida em que sente mais pressão."

Despede-se. "Thank you." E volta a se misturar, bermuda e boné, com aquela turma que poderia ser a sua.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página