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Fábio Seixas

Tiro no pneu

Marketing da Pirelli com pneus que desmancham e voam pelos ares é no mínimo questionável

Um revendedor de pneus do Rio resolveu fazer publicidade na traseira de ônibus. Estampou endereços, telefones, site... E, para ilustrar, colocou uma foto dos atuais pneus de F-1, com suas chamativas bandas coloridas.

Fiquei encarando isso por alguns longos minutos dia desses, trancado no trânsito cada vez mais paulistano das ruas cariocas. E o que veio à cabeça foi: "Será que alguém que acompanha F-1 compraria mesmo pneu da Pirelli?"

Tenho sérias dúvidas.

Em Barcelona, houve 77 pit stops. Dos 19 pilotos que chegaram ao fim da prova, 13 tiveram de parar quatro vezes nos boxes porque os pneus não aguentavam. Compostos ditos médios duravam sete, oito voltas. Os duros não chegavam a 20.

Pelo rádio, o tempo todo, pilotos e engenheiros reclamando dos pneus. "Se eu acelerar, vão embora", disse Rosberg à certa altura. "Não posso ir mais devagar do que isso", respondeu Hamilton, ao pedido para aliviar ritmo e economizar borracha. "O dianteiro esquerdo acabou", protestou Webber.

Depois da prova, pedaços de pneus por todo o asfalto. Antes, na sexta-feira, um susto: o esquerdo traseiro de Di Resta dechapou em plena reta e ele teve de encostar.

Um show de horrores.

A Pirelli já percebeu o erro e tenta encontrar um caminho. De forma errática, porém. Para o Bahrein, mudou seu cardápio de pneus. Para a Espanha, levou um novo composto duro. Agora, anuncia revisão total a partir do Canadá, no mês que vem.

Afirmar que essa série de barbeiragens não afeta negativamente o marketing da empresa é negar o outro lado da moeda: que uma imagem positiva traga benefícios.

Enquanto marcas pagam fortunas para aparecer na F-1, buscando conceitos de excelência e tecnologia de ponta, a Pirelli está lá, GP após GP, exibindo um produto que se destrói em poucas voltas e ouvindo testemunhais negativos sendo reverberados para 500 milhões de telespectadores pelo mundo.

Vale a pena?

É necessário ter os custos em mãos para dar uma resposta precisa. E sabemos que os pneus-farofa foram pedido de Ecclestone.

Mas é pouco provável.

O mais emblemático anti-exemplo de marketing na F-1, nos últimos anos, foi a Ford.

A montadora comprou uma equipe bem montadinha, a Stewart, rebatizou-a de Jaguar. Mas promoveu repetidas trocas de comando, mudou várias vezes de rumo...

Resultado: entre 2000 e 2004 só deu vexame. Deixou a categoria pela porta dos fundos. Em 2005, uma tal de Red Bull assumiu o time. E mostrou como fazer certo.

A Pirelli segue a mesma rota. Mais: prepara o sucesso de uma concorrente, porque qualquer outra marca que a suceder, um dia, parecerá ter um produto melhor.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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