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Juca Kfouri

Onde Felipão tocou?

No balanço do triunfo na Copa das Confederações, não são poucas as perguntas ao técnico

PEP GUARDIOLA gosta de dizer que um dos maiores desafios de um treinador é tocar na tecla certa de seus comandados. A par de ser capaz de falar alemão em sua primeira entrevista coletiva como técnico do Bayern Munique, o espanhol é acima de tudo franco e modesto.

Franco a ponto de contar em detalhes como já tocou num jogador que comandou. Modesto por mostrar quando tocou certo e, em seguida, quando tocou errado.

Tocou certo no jogador que não estava jogando mal, mas também não tão bem como poderia, e marcou encontro com ele num bar para falar da vida, da família, sem nenhuma referência a futebol. No jogo seguinte, recebeu a retribuição em forma de três gols da vitória por 4 a 0.

Tocou errado ao manifestar a um zagueiro titular, depois de derrota em jogo pelas semifinais da Liga dos Campeões, que estava em dúvida sobre quem jogaria a partida seguinte, embora soubesse exatamente que o jogador em questão estaria em campo. E perdeu. "Você me afundou ao dizer que estava em dúvida", ouviu depois do atleta que ele queria provocar.

"É assim que as coisas funcionam, assim é a tecla, Um meteu três gols, o outro afundou", contou Guardiola em palestra feita recentemente em Buenos Aires.

É conhecida a conversa que Luiz Felipe Scolari teve com Rivaldo antes da Copa do Mundo da Ásia, quando o pernambucano foi o melhor jogador da seleção brasileira e do torneio, embora não reconhecido como tal pela eleição da Fifa.

Felipão pôs a mão no ombro do craque introspectivo e disse a ele que dele dependia a sorte do time. Se jogasse bem, o pentacampeonato viria, se não, não. Disse mais: disse que ele seria o capitão do time do meio de campo para frente e que não o tiraria da equipe por pior que viesse a jogar.

Deu no que deu.

Pois, agora, gostaria muito de saber em que tecla de Neymar o Felipão tocou certo ou em qual de Fred, porque Paulinho parece ser daqueles em quem você não precisa tocar tecla alguma e a de Júlio César é tão óbvia que nem precisa perguntar.

Ou será que simplesmente a concentração do ex-santista durante o período em que se preparou para jogar a Copa das Confederações foi suficiente para atuar como atuou?

E Fred, mesmo com dores na costela, como suportou jogar cinco jogos seguidos sem parar?

Na mesma palestra, Pep Guardiola disse que o mais difícil para um técnico, seja de futebol ou de hóquei, é tratar com pessoas, que precisam ser abraçadas, ser convencidas, porque "não há nada mais maravilhoso do que enfiar suas ideias nas cabeças de seus jogadores".

Sabe-se lá como se dará Guardiola filosofando em alemão. Mas está cada vez mais claro que Felipão se dá bem ao filosofar em português.

Seja o daqui seja o de Portugal, ora pois pois.


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