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Entrevista Pelé

Maior legado da equipe do Santos foi promover o Brasil

Nos 50 anos do bi mundial, o Rei do Futebol lembra o prestígio da equipe no exterior e a descontração entre os jogadores

Há exatos 50 anos, o Santos obteve feito inédito àquela altura no futebol.

Ao superar o Milan, da Itália, em uma disputa que se estendeu por três partidas, tornou-se o primeiro bicampeão mundial de clubes.

Pelé, símbolo daquele time, só participou do primeiro jogo, a derrota por 4 a 2, na Itália, com dois gols seus.

Com uma lesão muscular na coxa esquerda, ele foi substituído por Almir (1937-1973) nas duas partidas seguintes no Maracanã.

Nesses dois jogos, o Santos deu o troco: 4 a 2 e depois 1 a 0, placar que garantiu a taça.

Cinco décadas após o título, Pelé se reencontrou com os companheiros Coutinho, Dalmo, Dorval, Geraldino, Lima, Mengálvio e Pepe na Vila Belmiro, a convite da Folha, conforme mostrou a edição do último domingo (folha.com/no1369309).

Na ocasião, ele afirmou à reportagem que o maior feito do Santos foi promover o Brasil no exterior, até entre povos que nada sabiam sobre o país. A entrevista a seguir encerra a série de textos sobre o título mundial de 1963.

Folha - No Mundial de 1963, o senhor jogou só na Itália...

Pelé - Joguei o primeiro na Itália e todos antes de chegar ao Mundial [risos]. Não é preciso dizer o que o Santos fez de promoção para o Brasil. O Santos dignificou nosso país nessa década. Em alguns lugares onde fomos, ninguém sabia onde era o Brasil, onde era Santos. Jogamos na Europa, na África e na Ásia... O grande legado que aquele time deixou foi esse.

Nessa época, não havia tantas TVs como hoje. Naqueles tempos, a promoção era boca a boca [risos]. Então, reviver esse momento e mostrar às novas gerações o que a gente fez pelo país é uma alegria muito grande.

Tem alguma lembrança do jogo com o Milan, na Itália?

O que me deixa mais saudoso é o convívio entre os jogadores do time. A gente fazia muitas viagens de ônibus. Fazíamos brincadeiras que ninguém imagina. A viagem de avião para a Itália foi assim. A alegria era permanente, a gente cantava, fazia piadas. Era um jogo importante, mas a alegria estava presente.

Ficou chateado por não jogar as finais no Maracanã?

Depois de tantos anos e títulos pelo Santos, chegar à final no Maracanã e, caramba, não poder jogar... Até falei: "Meu Deus, o que está acontecendo?" [risos]. Mas, com a vitória, fiquei tranquilo. Queria estar na final, ter feito gol de bicicleta, de cabeça, mas Deus foi tão bom comigo que me deixou ver o time ser campeão de camarote [risos].

O Santos foi campeão do mundo no Maracanã, algo que faltou para a seleção brasileira.

Depois de a seleção brasileira ter tido a infelicidade de perder o Mundial de 1950, houve a alegria de um time brasileiro sair campeão do mundo no Maracanã. Nosso título não repôs a Copa, mas deixou o brasileiro com um gostinho de campeão.

É possível imaginar um time brasileiro repetir o feito obtido pelo Santos?

Realmente o que o Santos conseguiu, não só com esses dois títulos, mas nas excursões pelo mundo, será difícil repetir. Conseguimos até parar uma guerra [em 1969, em amistoso na Nigéria, interrompeu uma guerra civil], expulsar um juiz na Colômbia [em 1968].

Aliás, essa é uma das histórias de que não me esqueço. Depois de o juiz já ter me expulsado, eu estava no vestiário e me falaram para voltar. "Como vou voltar? Ele me expulsou?". "Vamos tirar o juiz, e o bandeirinha vai apitar o jogo", responderam.

O que significou esse reencontro com os bicampeões?

É um prazer. Tenho de agradecer a Deus por estar com saúde, reviver isso.


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