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Bi mundial, Nilton Santos morre aos 88

MEMÓRIA
Ídolo do Botafogo, lateral esquerdo que ganhou as Copas de 1958 e 1962 não resistiu a uma pneumonia

SÉRGIO RANGEL DO RIO

"Nós não somos nada. Estamos aqui de passagem. Morreu, acabou. O que vale é ser lembrado com saudade pelas pessoas. Isso é que vai me envaidecer." Era assim que o bicampeão mundial Nilton Santos, ídolo da torcida do Botafogo, encarava a morte há cerca de dez anos.

Ontem, aos 88 anos, o inovador jogador da seleção brasileira e do clube carioca, escolhido em eleição da Fifa como o maior lateral esquerdo de todos os tempos, morreu no Rio de Janeiro depois de sofrer por cerca de cinco anos de mal de Alzheimer.

A morte de Santos, que era chamado de Enciclopédia do Futebol devido ao seu estilo de jogo refinado, foi causada por pneumonia, agravada pelo alzheimer e por insuficiência cardíaca grave, de acordo com o boletim médico.

Nascido na Ilha do Governador (RJ), o filho de pescador começou a fazer história no futebol em 1948, logo após deixar o serviço militar.

Com 723 jogos vestindo a camisa alvinegra, ele é o recordista de partidas do clube, o único pelo qual jogou.

De 1948 a 1964, o ex-lateral foi campeão carioca quatro vezes (1948, 1957, 1961 e 1962) e conquistou dois torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964) pelo time de General Severiano.

Santos foi também responsável pela contratação de Garrincha, o maior ídolo da história do clube.

Depois de ter que encarar o ponta num treino em General Severiano, Santos pediu à diretoria para contratá-lo.

O atleta ficou ainda mais famoso após sua participação na Copa de 1958. Jogava apoiando os atacantes, algo que um lateral não fazia na época.

"Ele foi o melhor lateral esquerdo que vi jogar no mundo. No jogo contra a Áustria [no Mundial da Suécia], o Nilton fez comigo a troca de posição que mudou o jeito de um lateral jogar", conta Zagallo, seu companheiro de Botafogo e seleção.

"Lembro até hoje. Ele arrancou para o ataque e eu gritei: Vai em frente que fico no seu lugar'. O nosso técnico [Vicente Feola] se desesperou, mas acabou aplaudindo após o Nilton surpreender toda a defesa adversária e fazer um gol. A partir dali, os laterais nunca mais jogaram do mesmo jeito", completou Zagallo.

MALANDRAGEM

Na Copa de 1962, o ex-lateral protagonizou outro lance inesquecível. Ele derrubou um atacante espanhol dentro da área. Sem se desesperar, caminhou e saiu da área enganando o juiz, que marcou falta. No final, a seleção derrotou os espanhóis, por 2 a 1.

"Instintivamente, dei dois passos e saí da área. O árbitro estava longe, não viu e marcou falta e não pênalti", lembrava o ex-jogador.

"Foi pura malandragem, daquelas que a gente aprende nas peladas", acrescentou

Na seleção, ele disputou 86 jogos, com 65 vitórias, 11 empates e 10 derrotas, marcando quatro gols.

"O Nilton foi um dos maiores ídolos do futebol brasileiro. Foi um jogador extraordinário e referência para todos. Ela assinava contrato em branco com o clube, algo raro. O que vai ficar é a saudade e as boas lembranças. Era isso que ele gostava", disse o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção.


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