Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Roberto Muylaert

Outra Copa, mesmo Brasil

Maracanazo não haverá porque o estádio de 50 desapareceu

O clima da Copa de 2014 é ditado pela Globo, que regula passo a passo a nossa emoção, com maior intensidade a partir do Carnaval.

Em paralelo, comerciais inundam o país de amarelo até o clímax das patriotadas sem pudor. Se o Brasil não chegar à final (Deus nos livre), seguirão alardeando nossas virtudes em vão, por algumas semanas, cumprindo contrato.

É certo que Maracanazo não haverá porque o estádio de 50 desapareceu: encolheu de 200 mil para 78 mil pessoas, sob uma cobertura com cara de lona de circo. O estádio majestoso e democrático, onde o povo conseguia pagar a entrada, agora é arena padrão Fifa, anódina, para que ninguém saiba de onde vem a transmissão.

Mas há semelhanças entre as duas Copas: uma é a crescente convicção de que vamos ganhar. A euforia virá de todos os meios de comunicação e pode tomar conta dos jogadores, como em 1950. O Brasil tem uma imprensa com poder de fogo, mas poucos heróis esportivos, daí a munição ser descarregada nos ídolos do futebol, a saber, Neymar.

Há também a coincidência de a final ser em julho, e a eleição presidencial, em outubro. Em 1950 os políticos iam à concentração sem cerimônia, interrompendo até o almoço dos "craques" no dia da final. Claro que o controle de quem pode ter contato com os jogadores é rigoroso, mas ninguém os impede de ver TV.

A oposição à época chamava-se Carlos Lacerda, o temível político de língua ferina, que só não impediu a construção do Maracanã pela persistência de Mario Filho em campanha no "Jornal dos Sports", tanto que o estádio recebeu seu nome. Hoje ela é mais abrangente, sendo as possíveis manifestações um dos maiores temores da Fifa.

Quanto aos atrasos, o Maracanã teve um jogo-teste, antes da Copa de 1950, em que a concretagem das marquises ainda tinha estruturas de madeira. Mas a obra foi rápida, menos de dois anos, época em que os materiais eram transportados em carroça. Um ferro deixado na saída do túnel feriu Mitic, o craque iugoslavo, que só entrou no jogo decisivo para a classificação aos 20 minutos do primeiro tempo (Brasil, 2 a 0).

Naquela época, eram seis as sedes. Agora, por liberalidade, são 12. Sem esquecer que somos penta: em 50 só tínhamos nosso "complexo de vira-latas".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página