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As Copas modernas
OS CLUBES PASSARAM A CONTAR MAIS VEZES COM SEUS CRAQUES. E ATÉ A ABUSAR DELES
Romário fez seu primeiro jogo no Espanhol pelo Barcelona em 5 de setembro de 1993. Marcou três gols sobre a Real Sociedad (3 a 0), pegou o avião, apresentou-se no Rio e só voltou à Catalunha em outubro.
Foi a última vez que as eliminatórias de uma Copa tiraram atletas dos clubes europeus. A partir do Mundial seguinte, em 1998, a Fifa inventou as datas reservadas para seleções.
Os clubes passaram a contar mais vezes com seus craques. E até a abusar deles. Nunca mais os melhores atletas chegaram descansados às Copas. Nunca mais o melhor do mundo brilhou num Mundial.
A lista começa com Luis Figo, em 2001, passa por Ronaldinho, em 2005, e Lionel Messi, em 2009. Zidane não era o melhor em 1998 --o eleito de 1997 foi Ronaldo, vice-campeão no ano seguinte.
É uma hipótese que a praga do melhor do mundo seja física. Até 1990, os craques espalhavam-se por campeonatos distintos.
Em 1990, Lothar Mat- thäus foi o grande condutor da Alemanha. Na temporada pré-Copa, fez 29 jogos. Lionel Messi entrou em campo 53 vezes em 2009/10, prévia da Copa da África do Sul, que disputou na condição de maior craque do planeta.
Nos últimos 20 anos, o futebol se tornou dos megaclubes europeus, que sugam seus craques até a última gota e os entregam às seleções dias antes do Mundial. Não foi por acaso a eleição de Diego Forlán como craque na África. Nem Messi, nem Cristiano Ronaldo, nem Xavi, nem Iniesta... Estavam abaixo da condição física ideal.
Poucas vezes comentado, é um dos ingredientes das Copas da era moderna: o cansaço. Agravado pelas viagens produzidas pelo interesse em fazer Mundiais itinerantes, com um jogo em cada sede, diferente do que havia até 1990, quando cada seleção tinha sua base definida.
E pelos horários ruins, especialmente longe da Europa. Nos EUA, em 1994, a final às 12h45 registrou o primeiro 0 a 0 da história.
O Brasil campeão não é festejado como uma seleção de primeiro nível. Nem em 2002, embora na Ásia o fuso e os horários tenham atrapalhado menos. Ronaldo e Rivaldo, lesionados, quase não atuaram na temporada europeia e chegaram à Ásia descansados.
Jogaram muito! O Brasil de Felipão tornou-se assim a única seleção da história a ser campeã ganhando todas as sete partidas.