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Entrevista Cafu

Não podemos depender só do que o Neymar vai fazer

Ex-lateral direito da seleção afirma que times de 1994 e 2002 tinham jogadores melhores que integrantes da equipe atual

RAFAEL REIS DE SÃO PAULO

A seleção tem de superar um desafio para levar o hexa neste ano: superar a dependência de Neymar, o craque solitário desta geração.

A avaliação é de um especialista em Copas. Cafu, 43, disputou quatro: 1994, 1998, 2002 e 2006. Venceu duas (1994 e 2002) e foi o capitão da conquista mais recente.

Em entrevista à Folha em evento de um dos seus patrocinadores, o ex-lateral direito afirmou que as seleções com que conquistou a Copa tinham mais opções de bons jogadores que o time atual.

Folha - Você foi campeão (1994 e 2002), perdeu uma final (1998) e foi eliminado cedo (2006). Faltou jogar uma Copa em casa. Dá inveja dos que vão jogar agora?

Cafu - É óbvio que eu queria disputar uma Copa no Brasil. Seria hipocrisia falar que não. Mas não chego a ter inveja, não. Fico feliz pelos que vão ter a oportunidade.

Como bicampeão mundial, pode falar qual é o segredo para conquistar a Copa?

Foco, objetivo. O primeiro é ter talento. Sem talento, você não ganha. Quando se tem esse talento, você tem que alinhar todos os objetivos em um só, que é ser campeão. Não importa quem vai ser melhor jogador, artilheiro, melhor goleiro, melhor zagueiro. Não se vence sozinho.

Foi assim que vocês venceram em 1994 e 2002?

Foi isso que fez as seleções que eu joguei conseguirem os êxitos que conseguiram.

E você vê todas essas virtudes nesse Brasil hoje?

Esse Brasil de hoje tem um jogador que pode fazer a diferença, o Neymar. É a referência do futebol brasileiro, está virando referência mundial. Mas o Brasil não pode depender só do que ele vai fazer. Para que o Neymar tenha sucesso, a seleção tem de estar do lado dele, tem que estar todo mundo focado no objetivo de ser campeão do mundo.

Então, Neymar à parte, os times de 1994 e 2002 tinham mais jogadores de alto nível?

O que eu disse foi que a seleção pode vencer se estiver unida. Temos talento para ganhar, mas ainda não ganhamos.

Mas é lógico que, se você considerar individualmente os times que foram campeões, os jogadores tinham um nível um pouco mais alto que o atual. As seleções de 1994 e 2002 tinham vários jogadores capazes de definir, agora contamos exclusivamente com o Neymar. Esse é o perigo.

Faltam na seleção mais jogadores com experiência em Copas, como as de 1994 e 2002?

A experiência conta muito. Faz muita diferença disputar uma Copa quando você já jogou uma ou duas antes. É algo que pesa. Muda o que você consegue suportar em campo. Mas vamos superar com a torcida. Ela vai ser essencial para que o Brasil consiga suprir a falta de experiência.

Pensando nisso, você levaria Kaká ou Ronaldinho?

Não sei. Não sou técnico da seleção. Se fosse, pode ser que eu fizesse isso ou faria o mesmo que o Felipão. É tudo muito relativo.

O fato de o Felipão ter trabalhado em duas Copas e ter vencido uma pode também ajudar o Brasil?

Pode sim, ajuda muito. É um treinador campeão mundial, que disputou a Eurocopa, já esteve na seleção. Tem muita experiência, mas o grupo precisa acompanhar. Se não, não adianta nada.

A forma como o Brasil jogou e conquistou a Copa das Confederações te surpreendeu?

Como jogador, não fiquei surpreso, não. Imaginava que o Brasil poderia ganhar. Lógico que não achava que seria da maneira como foi na final contra o adversário que foi [3 a 0 contra a Espanha]. Brasil é assim. Pode dar show a qualquer momento, como foi naquela decisão.

Para você, quais seleções ameaçam o título do Brasil?

Todas as que estão na Copa são uma ameaça. Quem se classificou é porque foi a melhor do seu grupo, tem qualidade para ameaçar para o Brasil. O caminho vai ser árduo. Temos adversários com tradição: times que foram três vezes campeões (Alemanha), que ganharam quatro Copas (Itália).

Fora do campo, o Brasil vai passar no teste?

Vai. É certeza que vai. As estruturas estão prontas. Os estádios, quase. Aquele que não ficar pronto não vai sediar a Copa. Quando o juiz apitar o início, pode ter certeza que vai estar tudo pronto. Vamos estar em 100% das nossas condições.

Esses atrasos em estádios, problemas de violência de torcedores não assustam os jogadores estrangeiros?

É claro que os atrasos preocupam, mas eles sabem que, se a Fifa deu ao Brasil a tarefa de organizar a Copa, o Brasil vai entregar a Copa. A gente espera que tudo esteja 100%. Minha impressão é que a imagem que vamos passar será a melhor possível.


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