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Juca Kfouri
Pacaembu corintiano
Difícil dizer qual foi a partida que mais marcou o estádio dos paulistas como se fosse só alvinegro
O Corinthians faz hoje a despedida oficial do estádio que virou sua casa principalmente nos últimos cinco anos, depois que resolveu não mandar mais jogos no Morumbi.
Até então, embora tivesse sido no Pacaembu que o Corinthians ganhara o valorizado título estadual de 1954, o do 4º Centenário paulistano, e, de quebra, quebrado, em 1968, a escrita de 11 anos sem vencer o Santos de Pelé, era no campo do São Paulo que o Alvinegro se dava melhor, a começar pelo título de 1977, o mais querido dos corintianos nascidos entre os anos 40 e 60.
Mas por que o velho "próprio da municipalidade", como diziam os locutores de antigamente, é tão acarinhado pela Fiel?
Muito porque não há estádio mais gostoso na cidade para se curtir um jogo. Nem o da rua Javari!
Além do mais, de 2009 para cá, o Corinthians foi particularmente feliz no Pacaembu, felicidade coroada, em 2012, com a vitória sobre o Boca Juniors na inédita conquista da Libertadores.
Antes, precisos sete meses antes, a Fiel vivera nele a sua alegria mais triste, ou a sua tristeza mais alegre, ao, no dia 4 de dezembro, festejar o pentacampeonato brasileiro chorando a morte de Sócrates.
A cena do estádio inteiro de braço direito erguido e punho cerrado, acompanhando o gesto do time no círculo central do gramado, é das mais belas e comoventes já vividas num campo de futebol.
Não foram poucas também as derrotas inesquecíveis, como a que resultou na derrubada do alambrado quando o River Plate, em 2006, eliminou o Corinthians da Libertadores. Ou, muito antes, quando, na "tarde das garrafadas", em 1957, o São Paulo, regido por Zizinho, o Mestre Ziza, o derrotou na decisão estadual por 3 a 1. Ou os 7 a 0 impostos pela Portuguesa, em 1961. Tantas amarguras...
Claro que mais vale lembrar os 7 a 1 no Santos, em 2005, com três gols de Carlitos Tevez, para esquecer os 7 a 4, de 1964, com quatro de Pelé e outros três de Coutinho. Tudo no velho Paca.
A rua Javari foi mencionada lá em cima? Pois quantas vezes o corintiano não deixou o Pacaembu de cabeça inchada graças às travessuras do Juventus, capaz de montar retrancas que matariam José Mourinho de inveja, simples aprendiz de Milton Buzetto?
Pacaembu de Servílio, o que abriu o placar dos 7 a 0 da Lusa, depois comandou o ataque da Academia do Palmeiras, deixando seu gol também na goleada por 5 a 2, em 1963, ele que era Servílio filho do Bailarino, meia baiano e goleador corintiano, de seleção paulista e brasileira.
Cada corintiano tem seu jogo, impossível escolher apenas um.
Há os que não esqueçem a goleada de 5 a 1 imposta ao pequeno Cianorte, em 2005, que vencera no Paraná por 3 a 0, pela Copa do Brasil.
Coisas da mágica, misteriosa energia do Pacaembu.