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Brasileiros contra o Brasil

Diego Costa, da Espanha, e Eduardo da Silva, da Croácia, querem compreensão pela mudança de pátria

ROBERTO DIAS ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA FÁBIO TAKAHASHI ENVIADO ESPECIAL A MATA DE SÃO JOÃO

Os dois se foram do Brasil com 16 anos, sem nunca terem atuado em um time grande daqui. Os dois voltam ao Brasil para jogar a Copa no país onde nasceram --mas contra a seleção brasileira.

O mais famoso é Diego Costa, 25, que já "enfrentou" a seleção antes de a Copa começar. Convocado por Luiz Felipe Scolari para dois amistosos, Respondeu anunciando que jogaria pela Espanha.

O outro vai enfrentar a seleção quando a Copa começar. Nesta quinta (12), o também atacante Eduardo, 31, estará do lado da Croácia.

"Sou e me sinto brasileiro", diz Diego Costa. Mas ressalta que tudo o que tem lhe foi dado pela Espanha. Eduardo, além de declarar amor à Croácia, posta fotos de sua família com camisas divididas.

Chamado de traíra no treino desta terça (10) em Curitiba, Diego Costa rebate as críticas: "Tenho o apoio de muita gente que entende o que aconteceu" [Pelé e o ex-lateral Roberto Carlos estão eles]. "Mas há também os mais apaixonados que não vão entender", reconhece seu irmão, Jair, que vive no Brasil.

Eduardo pede à torcida que entenda que ele buscou uma vida melhor. "Não imaginei que um dia teria chance de jogar contra meu país de origem numa Copa no Brasil."

ESPANHOL

Diego Costa foi internacionalizado no berço. Seu pai gostava do Furacão da Copa de 1970, e o primeiro filho virou Jair. O segundo apareceu em 1988, auge de Maradona, e acabou batizado Diego.

Nascido em Lagarto, cidade de 95 mil habitantes em Sergipe, Diego Costa fez testes no Lagarto Esporte Clube e em Salvador sem se firmar --seus primeiros técnicos o descrevem como temperamental. Foi para São Paulo.

Trabalhava com um tio na rua 25 de Março, no comércio popular, mas não desistiu do futebol. Apareceu seu primeiro time: o Barcelona, não o de Messi e sim o da Capela do Socorro, da zona sul e da quarta divisão paulista.

Daí sua sorte virou. Um olheiro da Gestifute, uma das grande agenciadoras de jogadores do mundo, o indicou ao Sporting de Braga, de Portugal. Rodou por vários clubes antes de se firmar a partir de 2012 no Atlético de Madri, atual campeão espanhol.

Naquele mesmo 2012, a Espanha ganhava a Eurocopa com um malabarismo tático do técnico Vicente del Bosque. Ele adiantou o meia Fàbregas e levou a taça com um time sem atacante. Apesar da vitória, o técnico continuou acreditando que é importante ter um camisa 9. Foi aí que os destinos de Diego Costa e da Espanha se cruzaram.

Depois que o atacante aceitou a oferta espanhola, seguiram-se rumores. Felipão diz que o avisou que ele jogaria a Copa se optasse pelo Brasil, e Diego Costa afirma que o técnico nunca lhe telefonou.

CROATA

Vascaíno, fã de Romário e nascido em uma favela do Rio, Eduardo também deve sua trajetória europeia a um olheiro. Após alguns jogos amadores, seu nome foi recomendado ao Dínamo de Zagreb, que o contratou.

No começo da carreira, chegou a ficar dois anos sem ver a família, que permaneceu no Rio. Começou a se virar no idioma apenas um ano depois do desembarque.

Ganhou espaço no time de Zagreb e, aos 19, foi convidado pela federação croata para participar de sua seleção daquela idade. Aceitou.

Em 2006, por pouco Eduardo não cruzou com a seleção brasileira. Na última lista para a Copa na Alemanha, ficou fora por ser muito jovem. O Brasil bateu a Croácia (1 a 0).

Um ano depois, foi contratado pelo Arsenal. Firmou-se rapidamente, fez gols na Copa dos Campões, mas em 2008 sofreu uma entrada violenta e teve fratura exposta.

Recuperou-se e transferiu-se para o rico, mas sem tradição internacional, Shakhtar, da Ucrânia, em 2010.

Neste Mundial, pode ser titular na abertura, pois o principal atacante croata, Mandzukic, cumpre suspensão.

'COMO QUE FALA?'

Diego Costa ainda tropeça no espanhol, carregado de palavras em português.

Eduardo, há mais tempo na Europa, engasga no português. Às vezes solta um "como que fala mesmo?". Já a conversa em croata flui como se fosse de um nativo (segundo jornalistas daquele país).

A diferença de adaptação talvez explique por que os dois têm planos diferentes para a aposentadoria: Eduardo quer morar em Zagreb, e Diego quer voltar ao Brasil.


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