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Tecnologia da Fifa que detecta gol não é infalível

Especialista defende que possibilidade de falha seja explicitada aos torcedores

RAFAEL REIS ENVIADO ESPECIAL AO RIO ROBERTO DIAS ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

A tecnologia utilizada pela Fifa para detectar se a bola cruzou ou não a linha de gol pode ser um avanço para um esporte que se acostumou a erros de arbitragem, mas não é infalível. A margem de erro exigida pela Fifa é de 1,5 cm --e esse número era o dobro disso dois anos atrás.

Existem três empresas no mundo com tecnologia aprovada para uso em competições oficiais da Fifa. A alemã GoalControl foi a escolhida para o uso nesta Copa --a primeira edição do torneio a usar essa ferramenta-- e promete uma precisão de 5 milímetros, maior que a exigida.

Segundo a Fifa, a tecnologia foi aprovada para uso no Mundial após ser submetida a 2.400 testes nos 12 estádios da Copa. Ela utiliza sete câmeras para cada gol (veja ao lado), que informam ao árbitro, por um aviso no relógio, se a bola ultrapassou a linha. Até um segundo depois do lance, o juiz recebe um aviso dizendo se foi gol ou não, mas a decisão final continua sendo dele.

FALSA CERTEZA

Não existe tecnologia infalível para dirimir dúvidas do esporte, explica o professor Harry Collins, pesquisador de inteligência artificial na Universidade de Cardiff, no País de Gales. "Mas existem tecnologias com margem de erro muito pequena."

O problema, diz, não está nas tecnologias em si, mas em apresentá-las ao público como verdade absoluta.

"É a maneira como o sistema é mostrado, com incerteza apresentada como certeza, que nos incomoda", diz.

Collins fez estudos na área ao lado de seu colega Robert Evans, concentrando-se no críquete, que acreditam ser a referência do uso do sistema no esporte.

"[No críquete,] a incerteza em relação à simulação é explicitada, e existe uma categoria de decisão do juiz' para casos nos quais a estimativa do computador está dentro da margem de erro."

Os pesquisadores elogiam o fato de a Fifa não tentar apresentar as imagens como sendo uma reprodução real do jogo --o campo, por exemplo, fica azul, o que evidencia isso. Mas criticam o fato de que não é dada a distância da bola para a linha; o sistema apenas informa se considera que houve gol ou não.

É um problema parecido com o do tênis, que também adotou a tecnologia para dirimir dúvidas. Quando um jogador pede o chamado "desafio", o computador estima uma trajetória para a bola. A análise também está sujeita a erros, mas isso não é dito.

A adoção do sistema no futebol, depois de anos de críticas à Fifa, tem sido elogiada por quem está nesta Copa.

"A tecnologia é uma coisa boa", afirmou Didier Deschamps, o técnico da França, primeira seleção beneficiada pela GoalControl no Mundial, na partida com Honduras.

O lance, o segundo gol da vitória francesa por 3 a 0, no domingo, gerou tantas conversas de bar quanto antes da adoção do olho eletrônico.

A confusão se deu porque o placar exibiu primeiro a mensagem de "não gol" relacionada ao momento em que o chute de Benzema acertou a trave. O "gol" foi anunciado na sequência, na simulação da sequência do lance, quando o goleiro Valladares empurrou a bola para dentro.

A falta de entendimento do público fez a Fifa mudar como mostrará ao público as decisões do auxílio tecnológico: quando houver dois lances, apenas a decisão final --se foi gol ou não --deve ser mostrada nos telões.

Segundo a Fifa,os equipamentos continuarão instalados nos estádios brasileiros, custeados pela entidade, por um ano após o fim da Copa.

Por enquanto, a tecnologia só pode ser utilizada para determinar se a bola passou ou não da linha de gol, mas Joseph Blatter, presidente da Fifa, admite usá-la para outros lances, como impedimentos e pênaltis.


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