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Xico na Copa

Síndrome Caramuru

O turismo da Copa só atrai macho, e nossas belas nativas têm uma queda pelos "invasores"

Amigo do cercadinho VIP, amigo da poeira e da pipoca, amigo da Casa-Grande, amigo da senzala, chega de sociologia de botequim, sequer o complexo de vira-lata nos importa mais a essa altura, dentro ou fora das arenas. O que nos atinge ferozmente é a versão amorosa e sexual da síndrome de Caramuru, essa praga histórica.

Sim, meu caro, pode deixar milhões no país, mas esse turismo de Copa é uma desgraça: só vem macho. As musas, as Riquelmes, as Saras Carboneros (mulher do pobre goleiro Casillas) e as Shakiras (mulher do espanhol Piqué, cavaleiro da triste figura) são apenas ilustrativas, raras figurinhas carimbadas.

Embora poucas para o magote de chinelões, as holandesas ainda são um presente dos Países Baixos. Fizeram a festa em Ipanema e não se furtaram a generosíssimo show de topless no terreiro baiano.

Costa-riquenhas, no embalo do craque Bolaños, triunfaram no grupo da morte e mostraram como são tão lindas quanto as jambo-girls do Recife, onde testemunharam ontem o triunfo de "La Sele", a zebra da América Central sobre os canastrões italianos.

No mais, meu velho, o turismo de Copa é aquela várzea. Para cada dez chinelões chilenos ou argentinos que invadiram o Rio de Janeiro não havia sequer uma cria de vossas costelas latinas.

Daí que entra a tal Síndrome de Caramuru, cuja versão amorosa revela a justíssima queda das belas nativas pelos "invasores" estrangeiros. De dentro ou de fora das arenas. Elas não falam em outra coisa. Dos croatas nus em um hotel baiano aos dublês de Mastroianni em Copacabana. Uma fartura.

Cunhada pelo sociólogo paulista Gilberto Felisberto de Vasconcellos, autor de "O Xará de Apipucos", a síndrome é uma legítima praga para nós nativos, seja da elite branca ou da rafameia propriamente dita.

Para o macho brasileiro, a Copa está incrível, mas apenas durante os 90 minutos das pelejas.


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