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Mãe craque
Jaqueline se destaca no ataque e na defesa da seleção de vôlei no Mundial da Itália e ainda monitora '24 horas por dia' o filho de nove meses no Brasil
Mãe, mulher, musa, defensora, passadora, atacante. Jaqueline, 30, consegue exercer todas estas funções com esmero no Mundial da Itália.
Fora do ginásio, a jogadora da seleção brasileira de vôlei monitora "24 horas por dia" o filho, Arthur, que fez nove meses no último dia 19.
Em quadra, ela repete o sucesso do marido, Murilo, escolhido como o melhor ponteiro passador do Mundial masculino, no qual o Brasil foi vice no domingo passado.
"Vejo muita semelhança. No entanto, não posso me comparar a ele. O Murilo é um dos melhores passadores do mundo. Eu me espelho muito nele. Jogamos nas mesmas posições e minha função na seleção feminina é parecida com a dele na masculina. Somos mais responsáveis pelo fundo da quadra do que pelo ataque", explica Jaqueline, por e-mail, à Folha.
Logo na estreia contra Bulgária, o técnico José Roberto Guimarães elogiou as defesas de Jaqueline e o bom trabalho da seleção nos passes.
As titulares foram poupadas na vitória contra Camarões, na quarta-feira.
Já no terceiro triunfo seguido, nesta quinta - 3 a 0 sobre o Canadá (25/14, 25/8 e 25/18)-, novamente a ponteira se destacou no fundo de quadra e, desta vez, também no ataque: foi a maior pontuadora da partida (14). O time volta a jogar sábado, às 15h, contra a Turquia.
E uma das motivações de Jaqueline é o filho Arthur, que não viajou para a Itália.
"Deixar um filho pequeno em casa é muito difícil. Agora tenho uma motivação a mais para lutar. Estou aqui por ele. O Arthur me deixou mais focada e concentrada nos meus objetivos", diz.
A distância Jaqueline está driblando com tecnologia e ajuda dos familiares.
"O Arthur está bem. Vejo ele todos os dias. Eu e o Murilo montamos um esquema entre as nossas famílias que estão se revezando para cuidar dele. Coloquei câmeras na nossa casa e posso ver o Arthur 24 horas por dia. Isso me deixa muito mais tranquila para saber se ele está bem".
Bicampeã olímpica, Jaqueline ficou com a prata nos dois últimos Mundiais. Essa experiência da equipe é destacada por ela como um trunfo em busca do título inédito.
Os italianos ela já conquistou. No site oficial de Trieste, sede do Brasil nesta primeira fase, Jaqueline é chamada de "bella e brava" (linda e talentosa). Adjetivos como "carismática" e "fenômeno" são atribuídos à jogadora que já atuou em clubes italianos. Ela e o marido Murilo são considerados "o casal brasileiro mais bonito do esporte".
Tais elogios dentro e fora de quadra, contudo, ainda não garantiram a Jaqueline o contrato com um clube. Ela está sem time desde o início da gravidez de Arthur.
"Já tive propostas de times do exterior, mas, no momento, não quero sair. Minha família, o Murilo e meu filho estão no Brasil. Agora estou focada na disputa do Mundial".