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Andres tenta se viabilizar como oposição a Marin
DE SÃO PAULO DO RIOAndres Sanchez, 48, começa a percorrer hoje, na CBF, um caminho semelhante ao que o levou à presidência do Corinthians há cinco anos.
Primeiro, vai se reunir com o presidente da entidade, José Maria Marin, para informá-lo de seu pedido de demissão do cargo de diretor de seleções, que ocupou por um ano.
"Não sou a rainha da Inglaterra", disse ontem. "Se querem tirar todos os que o Ricardo [Teixeira] chamou, vou ser o próximo a sair então."
Depois, vai para a oposição. Foi o que fez no Corinthians na década passada.
A próxima eleição para presidente da CBF será em abril de 2014. Como a Folha revelou, o pleito foi antecipado para evitar que um eventual desgaste provocado por fracasso da seleção brasileira ou de organização na Copa do Mundo tenha influência sobre o resultado.
O único candidato, por enquanto, é Marco Polo Del Nero, vice-presidente da CBF e braço direito de Marin. Andres pode ser o adversário.
Ontem, dois presidentes de federações estaduais disseram à Folha que veem com bons olhos a montagem de uma chapa de oposição liderada pelo corintiano.
Ricardo Teixeira, que deixou a entidade em março deste ano, comandou a CBF por 23 anos, praticamente sem ter quem o contestasse.
Andres Sanchez ficou um ano no cargo de diretor de seleções da entidade -havia sido convidado por Teixeira.
Desde que Marin assumiu a CBF, fez de tudo para deixar o corintiano desconfortável: marcou amistosos sem consultá-lo, levou a seleção para treinar no CT do São Paulo e jogar no Morumbi.
O ápice ocorreu na sexta-feira, quando demitiu Mano Menezes sem que Andres concordasse com a decisão. E o pôs para explicar a demissão em entrevista coletiva. "Depois dos últimos acontecimentos, não estou feliz."
Del Nero disse à Folha que seria uma surpresa a saída de Andres. "Na sexta-feira ele disse que ficaria até 2014."
ROTEIRO CORINTIANO
Andres ocupou cargos na diretoria do Corinthians durante a gestão de Alberto Dualib, entre 1993 e 2007.
Por divergências com Dualib e aliados, liderou a criação de um grupo opositor.
Ganhou a eleição em 2007, governou praticamente sem oposição, reelegeu-se em 2009 e fez o sucessor (Mário Gobbi) sem dificuldades. Soube usar suas ligações políticas para alavancar a construção do Itaquerão e ter um cargo na CBF. (MARCEL RIZZO, MARTÍN FERNANDEZ E SÉRGIO RANGEL)