Folha de S.Paulo

Felipão já projeta equipe com mais pegada

MARTÍN FERNANDEZ ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Foram só 90 minutos, contra um rival forte que jogou para sua torcida. Ainda assim, a derrota para a Inglaterra deixou lições para a seleção brasileira, seu novo técnico, Luiz Felipe Scolari, e seu estreante coordenador, Carlos Alberto Parreira.

A ideia de jogar com dois volantes leves, como Ramires e Paulinho, sem nenhum "cão de guarda" à frente da zaga, deve ser abandonada nas próximas partidas.

O Brasil enfrenta a Itália no dia 21 de março, em Genebra, e quatro dias depois joga contra a Rússia, em Londres.

"É para eu refletir", disse Felipão. "Tenho que estudar bastante, porque é até um pouco da minha característica de trabalho. Vamos examinar, olhar tudo isso."

Paulinho e Ramires, em alguns momentos do jogo, avançaram simultaneamente e deixaram Dante e David Luiz expostos na defesa.

Até por causa disso os dois beques ganharam pontos com o treinador. David Luiz é titular da seleção desde o primeiro jogo após a Copa da África do Sul e, com Felipão, ganhou o status de capitão.

Dante, o único novato, teve uma atuação segura.

"Sabia que poderia ser meu primeiro e último jogo pela seleção", disse o zagueiro do Bayern de Munique.

Felipão já conta com ele. "Ganhamos um zagueiro para o futuro", disse o técnico, que certamente voltará a chamar Thiago Silva, que não enfrentou a Inglaterra porque estava lesionado.

Outros dois que não atuaram anteontem, mas muito provavelmente estarão na próxima lista do treinador são o lateral esquerdo Marcelo, do Real Madrid, e o meia Hernanes, da Lazio.

Como Felipão não tem nenhuma preocupação em baixar a média de idade da seleção (tônica da era Mano Menezes), os veteranos vão desfrutar de mais chances.

Júlio César teve atuação segura sob as traves, apesar de ter sofrido dois gols. No ataque, Fred e Luis Fabiano vão continuar a disputar a 9.

Por fim, Ronaldinho também deve estar na próxima lista de convocados.

O jogador do Atlético-MG levou um indireto (mas público) puxão de orelhas por ter atravessado Neymar, batido e desperdiçado um pênalti contra a Inglaterra.

Mas o treinador ainda crê ser possível tirar algo a mais de Ronaldinho, e não vai rifá-lo depois de 45 minutos.