Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Paulo Vinícius Coelho

A lei seca do futebol

Como o motorista, só a certeza do torcedor de que pode ser punido o fará parar de desrespeitar a lei

A dor cega. O clamor pela morte do adolescente Kevin Espada também. Dificulta a visão de o caso ter sido causado mais pela falência da organização do futebol sul-americano do que pela histórica conspiração das brigas de torcida. Não foi um caso comum de violência entre facções uniformizadas, mas de incompetência dos que promovem jogos na América do Sul.

O relato do repórter Rodrigo Vessoni, do "Lance!", é um exemplo disso. Ele conta que não havia nem divisão entre brasileiros e bolivianos. Havia paz, indício de ter havido imprudência de quem manipulou o sinalizador.

A desorganização começa a se misturar com violência ao saber que o sinalizador partiu, sim, de um integrante de torcida uniformizada.

Seja culposo ou doloso, o assassino deve ser identificado e preso. O clube do qual o assassino é torcedor idem. É justo o Corinthians pagar pelo que sua torcida fez, perder o direito de jogar com estádio repleto daqui até o final da Libertadores. Mas não é justo que a punição seja só para o Corinthians.

Lembre: foi mais desorganização do que briga de torcida.

Mesmo assim, a mistura prossegue ao lembrar que as torcidas viajam porque têm meios de arrecadar. Se vendem ingressos em suas sedes, têm o dinheiro para comprar artefatos proibidos.

Como esses fogos de artifício já foram usados como armas, eis a licença para esquecer que o homicídio foi causado também pelo organizador.

E pau nas torcidas uniformizadas, futebol assassino...

Menos!

Torcedores uniformizados juntos aos desorganizadores do espetáculo construíram um coquetel molotov, responsável pela morte de um menino de 14 anos.

E, então, vem o clamor para fazer justiça. Qualquer justiça, qualquer coisa que dê a sensação de que uma providência foi tomada. E daí a injusta punição exclusiva ao Corinthians.

A injustiça é tão perigosa quanto a impunidade.

Ah, a impunidade!

Pergunte aos que avalizaram a extinção de mentirinha das uniformizadas, nos anos 90, se deu certo.

Não!

Lembre se funcionou punir clubes com perda de mando de campo ou com o depressivo espetáculo dos jogos sem público, como havia aos montes entre 2004 e 2007.

Também não!

Ou se funciona obrigar o clube cuja torcida aprontou a jogar a 100 km de distância de sua sede.

Nada disso deu certo.

Nos últimos 30 anos, a única receita não utilizada foi a punição individual. Há um preso aqui, outro acolá, e a ideia geral de que nada acontece.

Isso não exclui que se puna o clube. Que o Corinthians pague caro! O San José também!!!

Mas o que o futebol precisa é do efeito lei seca.

Como o motorista, só a certeza do torcedor de que pode ser punido o fará parar de desrespeitar a lei. Seja para não brigar, para não matar ou simplesmente para não portar um sinalizador.

O resto é tudo é pura demagogia da Conmebol.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página