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Rio 1.249

Organização dos Jogos chega ao meio do caminho sem criar 'cultura olímpica' e sem divulgar orçamento, mas com obras em dia

FÁBIO SEIXAS DO RIO

Ficaram para trás 1.249 dias. Há à frente outros 1.249.

Entre a vitória do Rio na disputa pela Olimpíada, em 2 de outubro de 2009, em Copenhague, e a cerimônia de abertura dos Jogos, em 5 de agosto de 2016, no Maracanã, este 5 de março de 2013.

Sem previsão de divulgar orçamento, sem cumprir a promessa de criar uma "cultura olímpica" no país, mas com as obras em dia, a organização da Rio-2016 chega hoje ao meio do caminho.

"O que vem à cabeça é a emoção da conquista", diz Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e do comitê dos Jogos, lembrando o dia da vitória na Dinamarca.

"Será um sentimento de orgulho e felicidade", afirma Maria Silvia Bastos Marques, presidente da EOM (Empresa Olímpica Municipal), projetando o fim do trabalho.

Trabalho que ainda está longe de terminar, apesar de avanços de cimento e tijolo.

Coração dos Jogos, o Parque Olímpico se tornou foco de polêmicas com a desativação do circuito de Jacarepaguá e a remoção da Vila Autódromo, favela ao lado.

Mas, enfim, virou um canteiro de obras. Prontas, por ora, apenas as instalações herdadas do Pan de 2007, Maria Lenk (polo aquático) e arena multiúso (ginástica), e o Parque dos Atletas, área de lazer e casa do Rock in Rio.

O campo de golfe, cujo terreno é alvo de disputa judicial, também rende dores de cabeça para a organização. A divulgação do projeto completa um ano depois de amanhã, mas continua no papel.

Segundo o comitê organizadores e a EOM, porém, as obras não vão atrasar.

"O cronograma está certinho", afirma Maria Silvia.

O COI (Comitê Olímpico Internacional), em sua última visita ao Rio, há duas semanas, não fez críticas ao andamento dos projetos. Mas ressaltou que este é um ano crucial e que as arenas precisam começar a ser erguidas.

Pela cidade, obras de infraestrutura avançam. Uma foi entregue: o corredor de ônibus Transoeste. Outras estão em andamento, como a extensão do metrô até a Barra e a Transolímpica (da Barra ao aeroporto Galeão).

A grande exceção é justamente o Galeão, que, em processo de concessão, não recebeu um retoque até agora. A falta de estrutura do aeroporto já foi criticada pelo COI.

No campo esportivo, fracassou uma das metas anunciadas em Copenhague.

Em discurso após a vitória, Nuzman disse que tentaria atrair campeonatos mundiais ao Brasil para criar um "cultura olímpica" no país.

"Se é apaixonado por futebol, o público se apaixonará por outros esportes, como a esgrima", afirmou à época.

Não aconteceu.

De lá para cá, o país organizou apenas um Mundial: o feminino de handebol, em 2011. E até 2016 receberá, além da Copa-2014, os Mundiais de judô de 2013 (no Rio) e de 2015 (em São Paulo).

"Depende de as federações internacionais escolherem o Brasil. Todos [os Mundiais], ninguém faz", diz, agora.

Orçamento é outra promessa não cumprida. Depois de juras de transparência e de uma estimativa de US$ 14,3 bilhões no dossiê da candidatura, nunca mais houve divulgação de valores.

O comitê da Rio-2016 promete divulgar uma revisão de seu orçamento em julho.

Já a Autoridade Pública Olímpica, consórcio que reúne as três esferas de governo, não divulgou outras estimativas nem definiu prazo. Qualquer número só sairá após a conclusão do projeto do Complexo de Deodoro, prevista para outubro.

"Não é temor, é questão de cuidado. Existe uma discussão para divulgar números que já estejam maduros, mas ainda não há decisão", diz Maria Silvia. "Qualquer número que fosse divulgado agora iria mudar. Há muitos projetos em diferentes estágios de maturidade."

Há 1.249 dias para isso acontecer.


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