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Livros

Escritor de 'Bonsai' cria trama sobre expectativas

Chega ao país o livro 'A Vida Privada das Árvores', de Alejandro Zambra

Espera pela chegada da mulher, que move o personagem central da obra, faz referência à ditadura no Chile

RAQUEL COZER COLUNISTA DA FOLHA

Enquanto Verónica não volta, o livro continua. Isso é algo que o escritor chileno Alejandro Zambra, 37, esclarece logo no começo de "A Vida Privada das Árvores", de 2007, cuja tradução, por Josely Vianna Baptista, a editora Cosac Naify coloca nas livrarias no próximo dia 4.

A informação prévia sobre uma personagem central é um procedimento que o leitor de Zambra conhece. "Bonsai", de 2006, publicado no Brasil em 2012, já contava o final do livro ("ela morre e ele fica sozinho") na primeira linha.

E, embora "A Vida Privada das Árvores" possa ser compreendido isoladamente, não é essa a única relação com "Bonsai". À certa altura, o leitor fica sabendo que Julián, o protagonista do livro de 2007, está escrevendo justamente a história de "Bonsai".

"O tipo de comunicação que a ficção estabelece com o leitor é complexo, e me interessa questionar essa complexidade. Prefiro mostrar as costuras, os truques narrativos. Às vezes, me sinto absurdo criando um narrador que pede credibilidade", diz Zambra em entrevista à Folha.

Um dos 22 selecionados pela revista britânica "Granta" para sua edição com jovens autores hispano-americanos, ele visitou o Brasil em 2012 e estará de volta em breve.

De 28 de abril a 3 de maio, participa do "Navegar É Preciso", viagem literária pelo Rio Negro, no Amazonas, promovida pela Livraria da Vila. Depois, no dia 7, lança o livro na unidade Fradique da mesma livraria, em São Paulo.

ESPERA

O romance (ou novela, pela concisão) é todo construído em cima da espera de Julián por Verónica (o livro "segue em frente até ela voltar ou até Julián ter certeza de que ela não voltará mais"), que pode ter vários significados.

Embora a trama se passe nos dias de hoje, muitos viram essa expectativa como analogia ao regime militar no Chile, até 1990, quando era comum esperar parentes que nunca voltariam.

O autor prefere deixar a escolha para o leitor, mas ressalta seu olhar para o caráter atual de "instabilidade nas famílias". "Desconfiamos das famílias, pensamos que era melhor não ter filhos, e no entanto também quisemos criar nossa própria estabilidade."

Zambra diz que crescer sob o signo da ditadura foi uma marca de sua geração, nascida nos anos 1970. "Não posso compreender minha infância sem pensar na ditadura. E não posso pensar na ditadura sem pensar nesse olhar condicionado pela idade: o que sabia então e o que não sabia."

Ao contrário do que faz em seu romance mais recente, "Formas de Volver a Casa" (2011, inédito no Brasil), que aborda diretamente o período sob o ditador Augusto Pinochet, em "A Vida Privada" essas referências são sutis.

De todo modo, embora seus escritos estejam repletos do que Zambra vê como uma nostalgia inerente à sua geração, ele esclarece não querer "dogmas nem manifestos". "Isso seria chato", diz. "Prefiro, ao escrever, a maior liberdade criadora."


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