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Crítica Biografia

Livro sobre ciclista italiano narra história de superação

RODOLFO LUCENA DE SÃO PAULO

Para amantes do ciclismo, "O Leão da Toscana" chega em boa hora.

A biografia do italiano Gino Bartali, bicampeão do Tour de France e herói da resistência contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, traz uma brisa de integridade e altruísmo em um período em que o mundo do pedal parece tomado pelo mar de lama, na esteira da condenação por doping do norte-americano Lance Armstrong, ex-multicampeão do Tour.

No ciclismo, Bartali realizou feito até hoje inimitado. Campeão do Tour de France em 1938, voltou a vencer dez anos mais tarde, quando já era considerado velho para o esporte.

Com base em dez anos de pesquisa e centenas de entrevistas, a jornalista Aili McConnon e seu irmão Andres, historiador, constroem um perfil vivo do atleta, sem deixar de apresentar o contexto de suas pedaladas.

Nascido em 18 de julho de 1914 em Ponte a Ema, lugarejo nas proximidades de Florença, Gino foi um garoto magro, que sempre se saía mal nas brigas com a meninada. Buscava refúgio em um passatempo secreto: aprender a dominar a bicicleta do pai.

Com as primeiras pedaladas, surgiu-lhe a paixão. Precisava ter a sua. Trabalhou separando ráfia -fibra de folhas de palmeira usada para fazer cordas-para juntar dinheiro e enfim ter uma "magrela" de segunda mão.

Aos poucos, começa a participar de competições e consegue prêmios que ajudam no orçamento.

Com 24 anos, conquista o Tour em jornada emocionante, mas vira garoto-propaganda dos fascistas. "Eu tinha de fazer uma careta, engolir e ser um bom rapaz", diz.

Na guerra, serve ao Exército fascista como mensageiro; quando, porém, a Alemanha ocupou o país, fugiu e passou a viver em um regime de semiclandestinidade -aparecia na aldeia para assistir à missa dominical.

No outono de 1943, entrou na rede de proteção a refugiados do nazismo: levava documentos a mosteiros onde estavam escondidos judeus. Sobreviveu à guerra e voltou a sonhar com o Tour de France.

Com quase 34 anos, era considerado ultrapassado para o esporte -muitos o chamavam de "Il Vecchio"; resultados pouco expressivos faziam com que fosse olhado com desdém.

Pouco antes de viajar à França, ouviu de seu primogênito: "Papai, quem lhe deu a ideia de ir ao tour de France? Você é muito velho. Vai levar uma surra".

Ledo engano. Sua vitória empolgou multidões na Itália e chegou a ter influência no conturbado clima político do país. Reportagem no "Le Monde" afirmou: "Nenhum acontecimento no mundo poderia ter sido tão importante quanto a vitória de Bartali".

O livro acompanha o Leão da Toscana até sua morte, aos 85 anos, em 5 de maio de 2000. Depois, relata brevemente o que aconteceu com os principais figurantes da história de Bartali. Falta, porém, um índice remissivo, sempre útil em obras como essa, que também ganharia se fosse acompanhada de uma linha do tempo.


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