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Novos rumos

Em seu 22º ano, Festival de Curitiba amplia diversidade de sua programação e mira atrações internacionais para próxima edição

GUSTAVO FIORATTI ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Na edição que se encerrou ontem, o Festival de Curitiba mostrou que é possível tirar partido de seu próprio amadurecimento.

Com 22 anos nas costas e uma curadoria um pouco mais propensa ao risco, o maior evento teatral do país experimentou estratégias capazes de ampliar a diversidade de sua programação e de (futuramente, quem sabe?) atrair um público maior de fora da cidade.

Para lustrar sua vitrine de trabalhos inéditos, fez a ponte entre um dos patrocinadores do evento e dois núcleos de criação.

Os Parlapatões foram convidados a produzir algo "com a cara de São Paulo", investiram em uma adaptação da obra do quadrinista Angeli e estrearam o espetáculo na capital paranaense.

O diretor e ator Enrique Diaz, por sua vez, foi convidado a apresentar parte do processo que resultará no espetáculo "Monstro", a estrear futuramente. Foram dois pontos altos da programação e o formato deve se repetir no próximo ano.

A retomada de parceria com o Sesc também possibilitou selecionar espetáculos internacionais interessantes.

"In the Dust", da companhia escocesa 2Faced Dance, mostrou uma coreografia com vocabulário de danças urbanas.

Já "Pansori Brecht Ukchuk-Ga" arrebatou o público em duas sessões, com a cantora coreana JaRam Lee propondo nova relação com a obra do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, mais performática que épica.

A cantora e atriz conduziu a história de "Mãe Coragem e Seus Filhos", acompanhada por uma banda, adaptando-a ao pansori, um gênero tradicional de canção narrativa da Coreia.

Segundo o diretor do festival, Leandro Knopfholz, existe a intenção de ampliar a programação de atrações internacionais na próxima edição do evento, algo que vinha minguando. Ele divulgou ainda que a estimativa de público, este ano, ficou em torno de 220 mil espectadores, similar a do ano passado.

PARCERIAS

O Fringe também se beneficiou com parcerias institucionais. A mostra paralela, há cinco anos, tem se modificado com curadorias e mostras independentes.

Desta vez, a iniciativa da Funceb (Fundação Cultural do Estado da Bahia) deu fôlego a uma vitrine interessante e pouco conhecida no eixo Rio-São Paulo. Os baianos tiveram destaque no mar de 300 espetáculos apresentados na programação.

As apostas também trouxeram frustrações. A companhia Clowns de Shakespeare destacou-se em 2011 pelo espetáculo de rua "Sua Incelença, Ricardo III", com direção de Gabriel Villela.

Mas, no retorno ao festival paranaense, com adaptação de "Hamlet" dirigida por Márcio Aurélio, o grupo perdeu o trono. Os intérpretes não pareciam casar com o tipo de encenação proposta. Aplausos comedidos.

"Homem Vertente" foi a grande decepção da temporada. Planejado para o grande público e coproduzido com o grupo argentino Ojalá, abriria o festival na Ópera de Arame com a promessa de construir vasto campo de imagens a partir do uso de água em cena.

Depois de enfrentar os problemas técnicos, precisou ser adiado e, depois, modificado em sua concepção.

"Os números aéreos foram retirados, porque não havia segurança para os intérpretes", divulgou Knopfholz, três dias antes do fim do festival. E, assim, a primeira tentativa do festival de produzir seu próprio espetáculo de abertura resultou em algo sem graça.

As experiências realizadas fora do palco é que não deram muito as caras nesta edição, com raríssimas (e oportunas) exceções.

Na Mostra Contemporânea, a diretora Maria Thaís mostrou "Recusa" no Centro de Eventos Sistema Fiep, um galpão; e "O Espelho", do grupo OPovoemPé, propôs compartilhamento entre plateia e atores ao redor de uma mesa no Bosque do Papa, em um parque.

ALÉM DOS PALCOS

Houve ainda, dentro do Fringe, uma ocupação espacial que chamou atenção do público em Curitiba.

O espetáculo "Uma História Radicalmente Condensada da Vida Pós-Industrial", do grupo Coletivo Independente, foi encenado no Bar e Restaurante Gato Preto, um lugar, digamos, aberto a fantasias, com homens sentados e mulheres circulando por entre as mesas do estabelecimento.

O espetáculo apresentava histórias depoimentais diversas adaptadas da obra do escritor americano David Foster Wallace.

As cenas aconteciam em diversos espaços do bar, e o público, também sentado às mesas, ouvia diálogos e monólogos com auxílio de fones de ouvido. Um dos atores da peça, Rodrigo Bolzan, transitava entre duas funções, ora em cena, ora servindo a clientela do restaurante.


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