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Crítica - Drama

"Irmãs Jamais" mostra diretor habilidoso com personagens

Italiano Marco Bellocchio passeia entre ficção e realidade em bom filme

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se não é de seus melhores filmes, "Irmãs Jamais" é certamente uma obra pessoal de um artista que nunca deve ser menosprezado

Marco Bellocchio foi um dos principais diretores do cinema moderno italiano. Seus dois primeiros filmes, "De Punhos Cerrados" (1965) e "A China Está Próxima" (1967), o colocaram no mais alto panteão cinematográfico. Seus longas de alta densidade política e religiosa marcaram o auge do cinema de seu país.

"Irmãs Jamais" (2010) é um ensaio familiar realizado no curso de alta especialização cinematográfica Fare Cinema, que Bellocchio dirige em Bobbio (Itália).

A trama narra pequenos eventos, divididos em seis episódios gravados entre 1999 e 2008, com alguns familiares do diretor, e alterna um registro documental com uma representação ficcional.

Temos Sara, a aspirante a atriz, que vai para Milão e deixa sua filha aos cuidados de duas tias, cujos relatos preenchem o filme de humor.

Temos ainda Giorgio, o tio que é ator e foge de credores. Esse personagem é interpretado pelo filho de Bellocchio, Pier Giorgio, que atuou em diversos filmes do pai.

Existem outros personagens que por vezes roubam nossa atenção, como a bela namorada de Giorgio.

Neste período de nove anos em que "Irmãs Jamais" foi filmado, Bellocchio dirigiu a maior obra-prima do cinema italiano contemporâneo, "A Hora da Religião" (2002).

Diretor habilidoso no retrato de personagens que enlouquecem por amor ou enfrentam pressões da sociedade, Bellocchio experimentou, com "Irmãs Jamais", a captação digital de câmeras semiprofissionais.

Por isso não é um filme fácil. A imagem escura e a baixa definição podem afastar alguns espectadores, ainda que seja perceptível uma melhoria na qualidade nos episódios mais recentes.

A indefinição de foco narrativo é outro empecilho. Mas são problemas inerentes à proposta do diretor.

Bellocchio é um dos poucos cineastas capazes de fazer com que essa inevitável confusão estrutural encontre milagrosamente uma fluidez. Se não é de seus melhores filmes, "Irmãs Jamais" é certamente obra pessoal de um artista que nunca deve ser menosprezado.


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