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Músicos elegem CD como melhor formato

Para João Carlos Martins, Nasi e Rael, apesar da praticidade o MP3 peca pela falta de equilíbrio de timbres e tons

Aos 72 anos, o maestro foi apresentado pela primeira vez ao formato digital, dominante desde os anos 1990

LUCAS NOBILE DE SÃO PAULO

"Permita-me ser sincero, a primeira vez que ouvi a sigla MP3 foi hoje." A frase pode soar absurda para os jovens --familiarizados com os arquivos digitais comprimidos de música desde o surgimento dos primeiros modelos, na década de 1990--, mas está no centro de uma discussão que já uniu nomes como Keith Richards, Neil Young e Lou Reed.

Os roqueiros, que têm quase a mesma idade do maestro brasileiro, não cansam de reclamar da qualidade dos arquivos digitais de música oferecidos pela principal fabricante do mundo, a Apple.

"Não tenho um iPod. Ainda uso CDs ou álbuns de verdade. Às vezes fitas cassete. Têm um som melhor, soam muito melhor do que o digital", disse Richards à "Associated Press".

Numa espécie de tira-teima, a Folha reuniu músicos de estilos e gerações distintas para um teste às cegas sobre as diferenças entre três formatos: vinil, CD e MP3.

Além do maestro João Carlos Martins, participaram do encontro --realizado no estúdio da Trama, de João Marcello Boscoli-- Nasi e o rapper Rael.

De costas para os aparelhos que tocariam as três mídias, os participantes tentaram adivinhar os formatos de reprodução. "You Don't Know Me", do disco "Transa", de Caetano Veloso, lançado em 1972, foi a música que serviu de referência.

A ordem escolhida foi MP3, vinil e CD. Nasi e Rael acertaram a ordem das mídias, ao passo que João Carlos Martins errou, invertendo a ordem de MP3 e CD.

"Se o MP3 é o que há de mais moderno, fico com o CD. A gravação do CD mostrou maior equilíbrio de baixos e agudos", disse o maestro.

Para Nasi, as gravações em vinil e CD apresentaram melhor qualidade de graves. "Essa é a crítica que se faz ao digital, que não tem os sulcos do vinil e perde em qualidade", comentou o roqueiro.

Na opinião dele, houve uma queda de qualidade do vinil para o CD, "mas o MP3 vem melhorando".

Rael se mostra um entusiasta da praticidade do MP3.

"Ele funcionou por ser fácil de ser compartilhado. E não consigo viver sem MP3, não dá para ter tudo no formato físico, sem desmerecer o CD e o vinil, que têm bastante qualidade."

CORRIDA DO OURO

As reclamações a respeito da qualidade do áudio de arquivos MP3 não partem somente de roqueiros meio ranzinzas.

A cada ano, novos formatos de áudio chegam ao mercado com a promessa de revolucionar a maneira de se ouvir música --e sobrepor o formato em voga.

Em 2012, depois de inúmeras reclamações dos consumidores sobre a qualidade dos arquivos digitais comercializados pelo iTunes, a loja online da Apple, a empresa criou uma espécie de selo de garantia de excelência, o "Mastered for iTunes" (Masterizado para o iTunes).

Para tanto, iniciou contatos com estúdios de gravação no mundo inteiro, com o objetivo de desenvolver um procedimento para criar arquivos digitais de áudio de alta fidelidade --ou o mais perto disso possível.

"Fiz vários testes com o novo disco do [Wilson] Simoninha e os ouvintes tiveram muita dificuldade para diferenciar o áudio do CD (que tem geralmente o melhor equilíbrio de timbres e tons) e o do Mastered for iTunes", conta o engenheiro de som Carlos Freitas, o primeiro brasileiro a receber o aval da Apple para trabalhar com o novo formato.

Na corrida por áudios de ponta, a tecnologia mais recente foi anunciada neste mês, pelo braço francês da gravadora americana Universal Music, que vai oferecer CDs com áudio de Blu-ray em alta definição.


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