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Coleção Folha revela Aldemir Martins para além dos gatos e galos

Sete décadas dedicadas à arte são lembradas no livro que vai às bancas no domingo (30)

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O "Gato Azul" da capa do volume oito da Coleção Folha Grandes Pintores Brasileiros foi pintado por Aldemir Martins em 1982. Os gatos e galos trouxeram popularidade ao cearense, mas, ao longo de sete décadas dedicadas às artes, Aldemir fez muito mais.

O oitavo volume da coleção relembra parte da trajetória e do legado do artista, nascido em 1922 no interior do Ceará, que se estabeleceu em São Paulo na década de 1940. Autodidata, logo estava trabalhando no Masp e expondo em eventos do porte das bienais de São Paulo e Veneza.

A exposição italiana, aliás, concedeu ao cearense o prêmio de melhor desenhista internacional na edição de 1956, um dos tantos que reconheceram a qualidade de Aldemir no desenho e pintura.

O legado do artista ganha relevo pelos temas ligados à cultura nacional. Passam por sua arte vários personagens nordestinos --o cangaceiro, o jagunço, a rendeira, a baiana--, além de cenas do cotidiano (como em "Bumba Meu Boi", de 1962, uma das 28 obras analisadas no volume.

Essas figuras foram pintadas não apenas a partir de memórias da infância: no começo da década de 1950, o artista fez viagens de pesquisa pelo interior do Nordeste, viajando em pau de arara e percorrendo a rota do cangaço.

Decorrem dessa pesquisa obras como três gravuras batizadas de "Cangaceiro", feitas em 1951, 1953 e 1954, todas elas analisadas no livro.

Até mesmo as naturezas-mortas e as paisagens, temas recorrentes da pintura ocidental, ganham toques locais ao serem compostas de frutas comuns no Brasil, como pinha e jaca, e ao remeterem à caatinga e ao litoral do país.

Dessas, o livro da coleção, escrito por Ana Maria Hoffmann, especialista em história da arte ocidental do século 20 da Unifesp, traz "Uma Pinha e Meia" (1969), "Cactus" (1972) e "Marinha" (1978).

SORVETE E TELEVISÃO

A arte de Aldemir não se restringiu ao papel e às telas. Ela extravasou para ilustrações para imprensa e livros, cenografia de teatro, bilhetes de loteria, latas de sorvete e, como pioneiro no ramo, vinhetas de televisão.

As aberturas das novelas "Gabriela" (1975) --com a voz de Gal Costa ao fundo-- e "Terras do Sem Fim" (1981), exibidas pela Globo, foram criadas a partir de guaches do artista.

Um primeiro grande olhar sobre essa arte popular foi lançado pelo livro "Linha, Cor e Forma", editado por Emanoel Araújo em 1985, que reúne textos de vários críticos e avalia a trajetória do artista.

Vinte anos depois, em 2005, o Masp recebeu a retrospectiva "Aldemir Martins: Sete Décadas de Sucessos Artísticos - 1945-2005", junto ao lançamento do livro "Aldemir Martins por Aldemir Martins".

Um ano depois, em 5 de fevereiro de 2006, o artista morreu em São Paulo, cidade onde morou a partir de 1946.


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